O riobonitense Lew Shao, 37 anos, morou no Japão por quase 10 anos, entre idas e vindas. Há cerca de um mês
retornou à Rio Bonito (RJ) e segue nova
carreira profissional. Com exclusividade, ele conta para o CULTURA VIVA um pouco dessa trajetória. “Eu havia ficado órfão de
pai. Vi a luta que minha mãe, uma mulata guerreira, estava tendo para manter a
família. Então, abandonei os estudos e segui viagem rumo à terra do sol
nascente. Trabalhando duro neste país, enviei ajuda financeira e consegui
construir uma casa para ela”, relata.
Autor do livro “Kabuki, O
Mistério das Águias”, publicado pela Metanóia Editora, Shao garante que os apaixonados
por cultura oriental e filmes carregados de emoção, vão “se amarrar” nesta
obra. “De minha própria autoria, de quando eu usada o nome artístico Lew Shay,
a obra conta a história de um jovem que vem de um país distante ajudar o amigo
que estava envolvido com drogas. Sentindo-se culpado por tê-lo abandonado na
infância, numa época em que ele mais precisava, o protagonista elabora um plano
para trazer à tona as verdades do passado que o libertariam daquele mundo de
trevas. Para tanto, ele conta com a ajuda do genial Roque e um grupo de amigos
com talentos especiais, e também tem por objetivo descobrir a identidade da
criatura que está aterrorizando as gangues de jovens que averiguam se a lenda das
águias gigantes que habitavam a serra é realmente verdadeira. Um livro repleto
de ação, humor, romance mistério e aventura, indicado para todas as idades”,
resume seu produto.
CULTURA VIVA: Você é nascido e criado em Rio
Bonito? Sentiu falta da cidade durante o tempo que ficou no Japão? O que fazia
para amenizar a saudade?
LEO SHAO: Sim. Sou nascido e criado em Rio Bonito. Lá
senti falta da família, dos amigos. Da comida, pois, na época, odiava comida
japonesa. Agora, sinto muita falta. Em 1996, quando cheguei lá, para amenizar a
saudade, enviava cartas e telefonava uma vez por mês. Uma ligação de vinte
minutos, já que a tarifa era cara demais. Hoje, com a internet, tudo ficou mais
ágil. Vemos e falamos com as pessoas em tempo real. Mas nada substitui o olho
no olho, o contato físico. Sentir a voz, o calor e a energia da pessoa de
perto.
C.V.: Quando chegou ao Brasil, de retorno? Como
foi a receptividade de amigos e parentes?
L.S.: Cheguei ao Brasil mês passado. Não sei
se fico. Gosto de estar um tempo aqui outro lá. Já passei por alguns países da
Europa e África, onde também possuo raízes ancestrais e, de cada um deles,
peguei um pouco da cultura e dos costumes.
C.V.: Pretende voltar ao Japão para morar?
L.S.: Voltar ao Japão, com certeza. Não sei
se para morar. Sinto falta do povo, da organização, da limpeza e da educação
deles. Mas, lá sou visto como estrangeiro, um mestiço de japonês com mulata.
Apesar disso, os japoneses sempre me trataram muito bem. Lá, você pode entrar
numa loja, sujo de graxa ou cimento, que é tratado da mesma forma. Se eles
acham algo que você perdeu, colocam em lugar visível para que você possa
encontrar. Eles possuem um senso de comunidade e respeito ao próximo muito
evoluído.
L.S.: Sim. Atendo em domicílio e, para quem preferir, em minha própria
casa. Atendo também no Centro do Rio, pelo menos, duas vezes na semana. Além de
outras cidades turísticas da Região dos Lagos. Me formei no Japão. Estudei
Shiatsu, Relaxante com óleo, Thayoga Massagem, Quick e Balinesa. Indicadas para
estresse, insônia, depressão, dores musculares, fadiga e todos os males
causados pela agitação da vida moderna. Os professores do Japão são muito
exigentes, perfeccionistas. Exigem empenho e
dedicação total do aluno. Para se ter ideia, os alunos entram ás 9h e saem ás
16h. São orientados a dar boa tarde para qualquer pessoa que encontram no
caminho de volta. As escolas não ensinam apenas as matérias obrigatórias; ensinam
cidadania, higiene e como conviver em sociedade, obedecendo as regras e as
autoridades, começando por pai e mãe. Aos sábados, eles têm educação física. E
aos domingos, alguma atividade extracurricular, ou seja, os jovens quase não
possuem tempo para se envolverem com assuntos errados. O que mais gostei de ter
aprendido no Japão foi a cultura milenar, organização, respeito ao próximo,
perfeccionismo, disciplina e dedicação extrema e profissionalismo.
Fotos: Arquivo pessoal de Lew Shao
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