Carol Bezerra: a dama dos musicais nos palcos brasileiros

22 setembro 2015 |


Nasceu para atuar. E, como se não bastasse, para cantar também. Deslumbrante e já tendo, em seu currículo, vários espetáculos musicais, peças teatrais, cinema e TV, Carol Bezerra, 36 anos, já escreveu sua história no cenário cultural e de entretenimento no país. A atriz, entre outros trabalhos, já participou de homenagem ao Chacrinha na Rede Globo, além de dividir o palco com os astros da MPB Jair Rodrigues, Jair Oliveira e Wilson Simoninha.

Hoje é a vez da Carol brilhar aqui no Cultura Viva e compartilhar um pouco mais de sua trajetória artística. É muita honra! Viva! Bravo! 

CULTURA VIVA: Como foi participar da última temporada paulista do espetáculo "Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos"? A relação com o elenco garantiu a boa qualidade e o sucesso que teve o espetáculo?
CAROL BEZERRA: Havia muito tempo que faltava, na minha vida, trabalhar com Charles e Claudio (diretores do espetáculo). Pois, desde que me entendo como alguém a serviço da arte, entendo que ser artista é dominar as técnicas, expor-se e unir à obra a nossa criatividade. E a qualidade do fazer é assegurada por essa tríade, que faz parte de tudo que eles apresentam. Longe de serem perfeitos, eles ousam, eles pensam, eles tentam, eles fazem – tudo com absoluto cuidado e respeito com a equipe, com a linguagem, com as estéticas. Charles é meu conterrâneo e tivemos a mesma mestra: Neyde Veneziano – eu já o amava por tabela. E o Claudio além de transbordar inteligência e bom gosto tem uma maneira não óbvia de dirigir que amplia nosso olhar para a interpretação das canções. Por tudo isso trabalhar no "Chico" foi uma oportunidade de aprimoramento e total deleite. E ainda, tudo isso garante uma boa relação e sucesso, pois o foco está no trabalho e no carinho. Sempre. 


C.V.: Você já participou de duas produções em homenagem ao Chacrinha: a série “Por Toda a Minha Vida”, da TV Globo, e da montagem teatral “Alô, Alô Terezinha!”. O que representa a arte de Abelardo Barbosa para o artista nacional, em sua opinião? 
C.B.: Na verdade "Alô, Alô Terezinha!" foi uma mini-revista que satirizava uma parte da história da televisão brasileira, feita pelo grupo "Circo-Graffiti", onde substituí a atriz Rachel Ripani em algumas apresentações. Além da Cia "Os Fofos Encenam", o “Circo-Graffiti” é uma das referências mais importantes de circo-teatro aqui em São Paulo, assim como Abelardo Barbosa é referência de comunicador no Brasil. Foi responsável por lançar vários artistas de renome (lançou muito bacalhau e abacaxi também...). Criou uma personagem genuinamente brasileira, clownesca, que trazia pra televisão uma crítica ao país por meio do riso, embora isso seja talvez uma opinião muito pessoal.

C.V.: Além do teatro e da TV, você também tem experiência no cinema. Em qual área se sente mais à vontade para atuar?
C.B.: O palco é definitivamente o meu lugar. E não digo isso de forma arrogante, não. É que eu me sinto de verdade, desencaixada e nada à vontade na vida cotidiana.  Sou depressiva, esquisita... Tudo me incomoda, sou uma eterna insatisfeita. No palco me sinto útil e feliz. Isso torna a vida mais suportável pra mim. 

C.V.: Ampliando o leque, a música também faz parte de sua carreira e você já participou de shows com Jair Rodrigues, Jair Oliveira e Wilson Simoninha. Como foi o encontro com essas feras da MPB?
C.B.: Eu tenho profundo respeito e admiração com quem constrói história. Contribui com a vida… pensa a vida… se envolve profundamente com a vida. Trabalhar com essas pessoas me deixou extremamente emocionada. Não tenho nem palavras. Cantar principalmente com o Jairzão foi um dos momentos mais importantes da minha vida. Depois disso só o nascimento da minha filha, Cecília. Aliás, eu estava grávida quando tive essas experiências. Ela quase nasceu antes!!! (risos)


C.V.: Você se considera uma pessoa musical? Dorme e acorda cantando?
C.B.: Não. A música, para mim, nunca foi tão natural. É sempre uma responsabilidade, um evento, uma mágica. Mas, eu gosto que seja assim.

C.V.: Toda atriz deve cantar? Isso ajuda?
C.B.: Sim. Todo mundo deve cantar.  A música e arte nos aproximam da nossa natureza, das nossas emoções. E, para quem é profissional, com certeza, o mercado "galopa" em crescimento para quem canta!

C.V.: E o espetáculo "Beatles Num Céu de Diamantes"? Foi um presente para a sua carreira? 
C.B.: Foi uma surpresa linda!! Repito toda a primeira resposta: trabalhar com quem a gente acredita é muito gratificante. Além disso, cantar Beatles dispensa comentários. As melodias de "Michelle" e "Eleanor Rigby" são belíssimas e rebuscadas. Os arranjos de “Black Bird” com citação de "Assum Preto" e "While My Guitar Gently Weaps" com citação de "Cais" são incríveis (me emociono toda vez!!!). Criar cenas tão lúdicas como "Yellow Submarine", ouvir todo espetáculo frases como "The love you take is equal to the love you make" e cantar “All You Need is Love" num momento em que amor é o que mais falta no mundo mesmo é o  verdadeiro sentido de estarmos ali. Muita, muita, muita gratidão.

C.V.: Quais são suas metas (pessoais ou profissionais) de agora em diante?
C.B.: Continuar a serviço. Se possível no palco. De qualquer maneira, para vida ficar mais linda! Evoé!! 

Fotos: Divulgação


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