Não
basta ter um rosto bonito, é preciso ter talento. E isso não falta para o ator Felipe Tavolaro, 30 anos. Com
experiência internacional na área artística, tece sua história na arte brasileira
deixando marcas de um rapaz comprometido e dedicado à missão que a vida lhe
impôs: atuar.
Depois
de brilhar em espetáculos na Broadway e
fazer participação na novela
“I Love Paraisópolis” da Rede Globo, está em cartaz no Teatro
Folha, em São Paulo com a montagem
“Beatles Num Céu de Diamantes”, com record
de público e aceitação. E o jovem não para por aí. Em outubro, o espetáculo
abre temporada no Teatro Leblon,
aqui no Rio de Janeiro.
Mesmo
super atarefado, Felipe Tavolaro
reservou um tempinho para o bate papo com o Cultura Viva. Valeu, Felipe!
Acompanhe!
CULTURA VIVA: Atuar na
Broadway não é para qualquer um. Como você define este marco em sua carreira?
FELIPE TAVOLARO: Os três anos que estive em Nova York
foram incríveis, com muitas descobertas e muitas superações. Além do
trabalho em si com a arte, há elementos culturais e de língua
que não são tão facilmente transponíveis, mas sem dúvida
a coroação de todo o esforço veio quando fui aprovado para o concerto
“Broadway Rising Stars”, em 2012. Neste projeto, vários diretores
americanos selecionam entre todos os formandos das principais escolas de arte
do ano nos Estados Unidos o elenco para participar de um Broadway Debut Concert
(estreia na Broadway). Entre 5 mil candidatos, foram selecionados 17 e, entre
eles, fui o único estrangeiro. Desde então pelo menos uma vez ao ano rolam
convites para me apresentar em concertos na Broadway. Realmente é algo que me
traz frutos e força naqueles momentos quando acho que algo É impossível (risos).
C.V.: Fora da Broadway,
você participou de outros espetáculos em Nova York. O que você carrega dessa
fase em sua bagagem?
F.T.: Fora os concertos, eu fiz alguns off-broadways como “Sweeney
Todd”, “The Broken Road of Freedom” e “A Form of Lying”. Todos projetos experimentais, nos
quais tive a chance de trabalhar com novos atores e diretores em começo de
carreira. Sempre muito valioso o aprendizado. Nesse tempo também gravei o
programa do Multishow "Dançando na Broadway" e fiz elenco de apoio no
filme "O Lobo de Wall Street", com Leonardo Di Caprio e dirigido por
Martin Scorsese, fora os inúmeros workshops que participei. Então devo
dizer que o tempo fora foi um divisor de águas na minha carreira e no meu
compreender dela.
C.V.: Aqui no Brasil
você participou de grandes espetáculos como os musicais "A Noviça
Rebelde" e "O Despertar da Primavera". Como foram essas
experiências?
F.T.: Cada peça teve seu diferencial. A noviça
foi o primeiro grande trabalho e a primeira vez que tive um papel solista em um
musical, e o despertar foi a primeira vez que pude fazer um protagonista, pois
alternava com o Pierre o personagem Melchior. Sem contar que foram ambas
dirigidas pelos meus queridos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho – e
ainda tive a chance de atuar em "Todos os Musicais de Chico Buarque em 90
minutos", com eles. Gosto da visão deles e como trabalham o
personagem com o ator, sendo rígidos e flexíveis ao mesmo tempo.
C.V.: Atualmente você
está em cartaz no Teatro Folha com "Beatles Num Céu de Diamantes".
Como você define a experiência de atuar nesse espetáculo?
F.T.: Dificilmente há alguém
que não goste dos Beatles, então a recíproca do público é igualmente
elevada como o prazer que temos ao cantar as melodias e os arranjos
do espetáculo. Sem contar que foi um convite do Claudio feito a Carol
Bezerra e a mim, para que pudéssemos dividir o palco com uma galera fera
que está despontando no mercado.
C.V.: É possível
diferenciar ou traçar um paralelo entre os teatros internacionais nos países
por onde você andou, se comparados ao teatro brasileiro? Ou você acha que
teatro é sempre teatro, independente de onde esteja?
F.T.: Artisticamente não há muita diferença,
ainda mais porque no “Beatles” tem que cantar em inglês (risos), mas acho
a nossa cultura teatral das mais elevadas, comparando com o que vi lá fora
e participei. Lógico que falando em produção e número de espectadores,
ainda não chegamos perto de países como Estados Unidos e Inglaterra,
mas o nível dos artistas não é nada inferior. Só acho que temos
pouca memória e não admiramos tanto artistas antigos como lá fora. Eles
se espelham muito nas gerações anteriores pra desenvolver o trabalho. Aqui
é o contrario. Algumas pessoas querem procurar o tempo todo técnicas novas
sem ter conhecimento do que já foi feito.
C.V.: Patrocinadores e
lideranças políticas: a dificuldade que os artistas encontram no Brasil, nesse
quesito, também afeta o trabalho lá ou o setor é mais valorizado?
F.T.: Na Broadway, por exemplo, não existe
patrocinador, o que existe é investidor, tudo é uma bolsa de valores. Os
investidores colocam dinheiro, então se a peça tem público
eles mantêm em cartaz, se a peca não tem publico eles tiram. Por isso
a qualidade é tão alta e o investimento em atores, diretores, compositores
e técnicos é tão alto – porque se o artista é bom e o espetáculo é um
sucesso, os lucros são estratosféricos. Imagina o dinheiro que os
investidores de “O Fantasma da Ópera” e o “Wicked” não ganharam? Mas
o risco é alto. Em média, 60 a 70% das produções são consideradas um
fracasso ou não dão lucro.
C.V.: Como tem sido sua
participação na novela “I Love Paraisópolis”? Você se identifica com o
personagem que interpreta?
F.T.: Na verdade foi uma
pequena participação de poucos capítulos. Eu havia feito teste
no começo da novela e o produtor gostou, mas não conseguiu me
encaixar em nenhum personagem. Então quando houve a oportunidade de me encaixar
em algo me chamaram. Só fiz o chefe de segurança do escritório
do núcleo rico. Foi legal ver o trabalho dos atores e equipe gravando,
conversei com várias pessoas e fiz amizades. Foi uma experiência que quero
repetir logo e que seja mais longa (risos).
C.V.: Você já tem novos
projetos, com vista para depois das gravações da novela?
F.T.: Eu já gravei tudo que tinha que
gravar, na verdade. Não há previsão de volta do personagem, mas em outubro já
estreio o “Beatles Num Céu de Diamantes” no Rio de Janeiro, no Teatro Leblon.
Fotos:
Divulgação
0 comentários:
Postar um comentário