Professor aposentado, Rossine Medeiros é um dos
macaenses selecionados para levar a tocha olímpica
Os cabelos brancos e as muitas histórias de quem
acompanhou de perto a transformação de Macaé - então um pequeno lugarejo, ainda
com casas de sapê - para a cidade que é hoje, podem até denunciar a idade. Mas,
basta um pouco mais de uma hora de conversa com o professor aposentado Rossine
Medeiros, para perceber que o tempo é um aliado, quando se vive com alegria e
amor à profissão escolhida. Rossine é um dos macaenses selecionados para
conduzir a tocha dos Jogos Olímpicos de 2016, que passará por Macaé no dia 31
de julho.
Prestes a completar 79 anos (no dia 2 de
agosto), Rossine não esconde a emoção de participar da programação de um
dos maiores eventos do esporte mundial e aguarda ansiosamente para o dia da
abertura da programação esportiva no Rio. Ele é um dos milhares que estarão no
Maracanã.
- Nunca imaginei que veria uma olimpíada no Brasil.
É um sonho e um privilégio participar de alguma forma, carregando a tocha. Eu
nunca fui a alguma, mas acompanho os jogos desde 1964 quando Aída dos Santos,
uma colega, participou do salto à distância, com toda dificuldade, e se
destacou. Uma mulher negra, moradora de comunidade em Niterói. Ninguém imaginou
que ela chegaria onde chegou - conta Rossine, que também carregou a tocha, em
Macaé, nos Jogos Panamericanos em 2007.
Enquanto conta a história de sua vida, Rossine
(natural de Santo Antônio de Pádua) mostra, com orgulho, um documento amarelado
pelo tempo, mas cuidadosamente plastificado. Nele está o registro de seu
primeiro emprego como professor em Macaé, no dia 2/7/1963, no Colégio Matias
Neto. O valor do salário era 28 mil cruzeiros. "Vim para Macaé para servir
ao Exército e cheguei a ser cabo no quartel. Estava no último ano do curso de
Formação de Professores de Educação Física. Quando dei baixa, fui para o Matias
Neto. Depois fui para o Luiz Reid, onde fiquei 25 anos como professor e 15 anos
como diretor", conta.
Olimpíadas escolares
A paixão
pelo esporte é tanta, que Rossine organizou algumas olimpíadas escolares
durante anos. E era tudo improvisado. "Fazíamos bolas de meia, halteres de
madeira. Para fazer as caixas de salto, conseguimos uma carroça de areia.
Tivemos futebol de campo, salto em altura. Todo ano tinha uma olimpíada. Até
que comecei a ficar sozinho e ter mais dificuldade", ressalta.
Mas desistir é uma palavra que não existe no
dicionário do professor, que logo depois começou a organizar maratonas. "A
primeira era do Mirante à prefeitura, na época, década de 1970. Os
números dos corredores eram feitos de cartolina. Nessa primeira vez, foram
quatro corredores. No segundo ano, foram 110 participantes de diversas faixas
etárias. E daí, surgiu a ideia para a corrida de bicicleta, de Rio das
Ostras a Macaé. Logo depois, fizemos a corrida noturna que saía do quartel
do exército, rodava por bairros como Miramar, Visconde, Cajueiros, até voltar
pela Rui Barbosa, Imbetiba e chegar no quartel pelo portão dos fundos",
enfatiza.
Dessas experiências, não demorou muito para que
Rossine organizasse as Olimpíadas do Norte Fluminense, com corridas que envolviam
participantes de Conceição de Macabu e outros. "Eu já fui jogador de
basquete, em 1962, e cheguei a ir de ônibus de Macaé para o Uruguai assistir ao
campeonato de basquete lá, mas eu era muito ruim. Nunca fui um atleta muito
bom, mas sempre fui muito entusiasmado e levei isso a meus alunos, que se
destacavam nos esportes que faziam", ressalta, lembrando de um time de
basquete feminino que fez muito sucesso na década de 70, no Matias Neto.
"Fomos pentacampeões nos Jogos de Primavera organizados por Mário Filho,
do Jornal dos Esportes".
Natação
Apesar de estar aposentado
desde 1991, Rossine ainda dá aula de hidroginástica no Cemeaes. Para animar as
aulas, o repertório musical é cheio de marchinhas de Carnaval. Mas num passado
não muito distante, o professor deu muitas aulas de natação.
Bem antes da aposentadoria, em 1972, ele já
mostrava seus dotes como professor de natação no Iate Clube de Macaé, onde
ficou por dois anos.
- Eu aprendi a nadar no rio que passava por trás de
minha casa. Meu pai jogava a gente na água e a gente tinha que se virar. Assim
eu aprendi e acabei dando aulas para muita gente conhecida na cidade. Dei aula
para os pais e até para os filhos. Já dei aula de natação para bebês. Sempre
gostei de incentivar - diz o aposentado, que, para manter a forma, corre e nada
todos os dias pela manhã.
Jornalista: Carla Cardoso
Foto: João Barreto
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