O Grupo 59 de Teatro estreia o
espetáculo infanto-juvenil Histórias de Alexandre, da obra
de Graciliano Ramos, no dia 18 de março (sábado, às 16
horas) com direção de Cristiane Paoli Quito. A temporada - que vai
até o dia 8 de abril, sempre aos sábados e domingos, às 16 horas - acontece no Armazém
19, na Vila Maria Zélia, Zona Leste de São Paulo.
A peça reúne histórias e fanfarronices de um típico
mentiroso do sertão, numa encenação recheada por canções inéditas. Publicado em
1944 por Graciliano, o livro traz contos coletados na memória oral do folclore
nordestino, resgatando crenças, costumes e mitos da região. Na transposição
para o palco, foram selecionadas algumas histórias, respeitando e mantendo na
íntegra as palavras do autor.
Alexandre é um homem já velho; tem um olho torto e
fala bonito: um típico contador de histórias. Está sempre acompanhado pelos
moradores das redondezas e até por pessoas de consideração, que vem à sua
modesta casa para ouvir as narrativas “fanhosas” que conta: Seu Libório,
cantador de emboladas; o cego preto Firmino; mestre Gaudêncio Curandeiro, que
reza contra mordedura de cobras; e Das Dores, benzedeira de quebranto. Cesária,
mulher de Alexandre, está sempre por perto, e pronta para socorrer o marido
quando ele se “engancha” ou é questionado em suas narrativas.
Apropriando-se do universo linguístico e das
imagens sugeridas por Graciliano Ramos, Histórias de Alexandre dá
corpo e voz à palavra escrita, tecendo uma “colcha de retalhos” onde os atos de
contar, cantar e dramatizar se entrecruzam e criam uma poética propícia à
invocação da memória afetiva.
A diretora fala da importância que teve a
apropriação das palavras pelos atores no processo criativo, já que o texto foi
escrito há mais de 70 anos, com um vocabulário distinto do atual: “é
fundamental que as histórias sejam compreendidas por todas as crianças, tanto as
menores quanto os adolescentes, por isso as experimentações que fizemos com a
presença do público foram tão importantes para encontramos o caminho da
encenação”, explica Cristiane Paoli Quito.
A montagem reflete a atmosfera aconchegante da obra
literária para receber os ouvintes das histórias de Alexandre: o espectador
compartilha o mesmo ambiente com os atores/contadores, sem a tradicional
separação entre palco e plateia. Essa proximidade promove uma experiência de
troca onde a simplicidade e o despojamento do ato cênico, realizado em roda, em
tom de conversa, convocam a participação e imaginação de todos.
A musicalidade, característica dos trabalhos do
Grupo 59 de Teatro, tem lugar de destaque no espetáculo. Todas as canções foram
criadas coletivamente a partir de passagens do livro, inclusive com algumas
citações ao cancioneiro popular brasileiro. O repertório inclui embolada,
repente, reza, canções populares e modas de viola que são interpretadas pelo
coro de atores, acompanhados por instrumentos acústicos (violão, viola,
acordeom, flautas, pífaro, berimbau e percussão) executados ao vivo. A palavra
cantada não só dá suporte à narrativa como também exerce função narrativa nas
formas épica, lírica e dramática.
Com a encenação de Histórias de Alexandre o
grupo dá continuidade à investigação iniciada, em 2009, com O Gato
Malhado e a Andorinha Sinhá (espetáculo também dirigido por Cristiane
Paoli Quito), na qual busca uma forma de se comunicar com a criança por meio de
um jogo-brincadeira de contação de história, apoiado fundamentalmente na
palavra e no trabalho corporal dos atores. A arte do grupo busca estimular nos
pequenos espectadores a criatividade, a imaginação e a inventividade,
características típicas das tradicionais brincadeiras de rua e de quintais.
Sinopse
Na pequena sala de Alexandre os amigos se reúnem
para ouvir suas aventuras e façanhas, sempre narradas com exagero e entusiasmo.
Sua mulher, Cesária, acompanha tudo de perto e nunca deixa o marido perder o
fio da meada. São essas histórias de Alexandre que o Grupo 59 de Teatro “conta
cantando” e “canta contando”: um convite a todas as idades para a deliciosa
aventura de imaginar o possível e o impossível, pelas palavras de Graciliano
Ramos.
Ficha técnica / Serviço
Texto: Graciliano Ramos. Roteiro: Cristiane
Paoli Quito e Grupo 59 de Teatro. Direção
geral: Cristiane Paoli Quito. Elenco: Grupo 59 de Teatro –
Carol Faria, Felipe Alves, Felipe Gomes Moreira, Fernando Oliveira, Gabriel
Bodstein, Gabriela Cerqueira, Jane Fernandes, Nathália Ernesto, Nilcéia
Vicente, Ricardo Fialho e Thomas Huszar. Figurino: Claudia
Schapira. Iluminação e ambientação: Cristina Souto. Preparação
corporal: Letícia Sekito. Direção musical: Felipe Gomes Moreira
e Thomas Huszar. Registro audiovisual: Vítor Meloni. Produção:
Grupo 59 de Teatro. Realização: Prêmio Zé Renato de Apoio à
Produção e Desenvolvimento da Atividade Teatral para a Cidade de São Paulo - 3ª
edição. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação.
Espetáculo: Histórias de Alexandre
Estreia: 18 de março. Sábado, às 16h
Local: Armazém 19
Rua Mário Costa, 13. Vila Maria Zélia (ZL). SP/SP.
Tel: (11) 2081-4647
Temporada: 18 de março a 9 de abril
Horários: sábados e domingos, às 16 horas
Ingressos: R$ 20,00 (meia: R$ 10,00). Aceita
dinheiro e cartões de débito.
Bilheteria: 1h antes das sessões. Reservas: reservas.historiasdealexandre@gmail.com
Duração: 60 minutos. Classificação indicativa: 6
anos. Capacidade: 80 lugares
Estacionamento no local: grátis. Acessibilidade.
PERFIS
Graciliano Ramos
O alagoano Graciliano Ramos, um dos mais
importantes escritores brasileiros, publicou obras fundamentais de nossa
literatura como Vidas Secas, São Bernardo, Angústia e Infância.
Sua atuação como escritor abrange a colaboração em jornais do Brasil e do exterior
como contista, cronista e colaborador. Exerceu cargos públicos como o de
prefeito de Palmeira dos Índios, em 1928, e diretor da Instrução Pública do
Estado de Alagoas, em 1933. Em 1936 foi preso em Maceió, sem culpa formada, sob
a alegação de ser comunista. Na cadeia, onde ficou por quase um ano, reuniu
anotações para o livro Memórias do Cárcere, publicado após sua
morte. Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil. Sua obra,
constantemente revisitada por críticos e estudiosos, já ganhou adaptações para
o cinema, o teatro e a televisão.
Sobre a diretora
Cristiane Paoli Quito
Diretora e pesquisadora, Cristiane Paoli Quito
projetou-se na cena teatral paulista nos anos 90, pelos de seus espetáculos
recheados de técnicas e referências da commedia dell'arte. Na segunda metade da
década, voltou-se para a dança, e desenvolveu linguagem própria, calcada na
pesquisa sobre a dramaturgia do intérprete em improvisação. Como diretora,
investiga as intersecções entre as linguagens teatro, dança, circo, teatro de
bonecos, música e performance; desenvolve pesquisas de linguagem que investigam
a capacidade criativa do criador-intérprete. Como reconhecimento de seu
trabalho, recebeu indicações e foi agraciada com os prêmios SHELL, APCA e FEMSA
em diversas ocasiões. É professora na Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP).
Sobre o Grupo 59
de Teatro
O Grupo 59 de Teatro é o encontro de 12 atores
oriundos da Escola de Arte Dramática (EAD/ECA/USP) que encontra no modo
colaborativo de criação, gestão e produção terreno fértil para expressão
artística múltipla e heterogênea. Desde sua fundação, em março de 2011,
realizou mais de 300 apresentações na região sudeste do país, recebeu o Prêmio
Cooperativa Paulista de Teatro 2011 na categoria Grupo Revelação e participou
de festivais. Entre as apresentações do Grupo 59 estão: TUSP (2011), Festival
Internacional de Teatro de São José do Rio Preto (FIT 2011); V Festival
Internacional Paidéia de Teatro para Infância e Juventude (2011); 6º Fentepira
- Festival Nacional de Teatro de Piracicaba; Festival SESC de Inverno 2012
(Petrópolis e Teresópolis, RJ); V Festival de Arte para Crianças de Salto, SP
(2012); Virada Cultural de São Paulo (2012), Virada Cultural do Interior (2012,
2013 e 2014); Festival Nacional de Teatro de Taubaté (2013); Festival Nacional
de Teatro de Araçatuba (2013), 21º Floripa Teatro - Festival Isnard Azevedo
(Florianópolis, SC); 1ª Mostra de Artes Cênicas de Mogi das Cruzes (2015); 1ª
Mostra Aparte, em Diadema. Foi contemplado pelo ProAC - Programa de Ação
Cultural, da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, em 2011 (circulação
de O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá) e 2014 (circulação de Mockinpó –
Estudo Sobre um Homem Comum) para turnê no interior do estado; pelo Viagem
Teatral do SESI, edições 2012 e 2013; pelo ProArt 2012 (circulação nos CEUs da
capital); pelo Mosaico Cultural 2012; e pelo Circuito Cultural Paulista de
2013. No início de 2013, a convite da Universidade de São Paulo (USP),
apresentou seu repertório na programação do XX Festival Internacional de Teatro
Universitário da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM), na Cidade do
México.
Foto: Divulgação
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