Olhar para São Paulo e observar a agitação
cotidiana da metrópole é quase impossível imaginar que alguém possa transitar
de bicicleta pela cidade, em horário comercial. Contudo, o programa “Vamos pedalar” da TV Cultura, no ar aos domingos, às 17h, veio provar que isso é
possível sim. Com a orientação de profissionais do “mundo das bikes”, ganha a
afeição do público. Inclusive, um desses mestres no ramo, o jovem Mario Canna, concedeu entrevista
exclusiva ao CULTURA VIVA hoje e, em
princípio, relatou como foi seu início atuando com o meio de transporte. “Comecei
restaurando bicicletas antigas como hobby e estes serviços se estenderam para
bicicletas de amigos. Com o tempo, estabeleci uma pequena oficina na Zona Leste
de São Paulo fazendo modificações e manutenção, especialmente em bicicletas de
roda fixa, como as usadas em velódromos”, explicou.
Acompanhe o bate papo!
CULTURA
VIVA: É possível sobreviver apenas atuando no ramo?
MARIO
CANNA:
Obviamente. É um mercado em franca expansão e que, cada vez, procura melhores
serviços e componentes de melhor qualidade. Quem trabalha corretamente e com
afinco, com certeza, se estabelece no mercado de bicicletas.
C.V.: Dá para circular todos os dias de bicicleta
em São Paulo? Os riscos não são mais evidentes frente ao trânsito intenso da
cidade?
M.C.: Não considero
pedalar em São Paulo perigoso, mas só o fato de viver em grandes cidades já
envolve riscos e pedalar na cidade também. Ter cautela, pedalar seguindo as
normas de trânsito e equipado garante tranquilidade e permite que qualquer um
usufrua de seu espaço na cidade.
C.V.: Com o passar do tempo, as pessoas buscam
uma vida mais saudável e, encontraram na bicicleta, uma forma de manter o peso
e reunir, com apenas um exercício, benefícios para o corpo todo. Você já
percebia esse valor na bike?
M.C.: Para mim, os
benefícios para o corpo foram apenas uma consequência agradável, pois sempre
considerei que pedalar, em primeiro lugar, faz bem à mente. Nossa perspectiva em relação à cidade e às
pessoas muda, o dia fica mais leve e, de quebra, nos exercitamos sem nos sentir
presos "na gaiola" como em uma academia.
C.V.: Para que o ciclista seja respeitado de fato
nas ruas de São Paulo, tanto pelas políticas públicas quanto pelos outros meios
de transportes, o que você acha que falta?
M.C.: Não adianta
investimentos milionários em infraestrutura se não houver educação e respeito
mútuo no trânsito. Para isso, deve haver a coibição aos maus motoristas e
também aos maus ciclistas, que também cometem infrações e causam acidentes. Um
programa de educação e conscientização aplicado em paralelo com policiamento e
punição efetivas iriam, em poucos anos, deixar o trânsito muito mais seguro.
C.V.: O programa "Vamos Pedalar", onde
você, toda semana, dá altas dicas sobre a mecânica das bicicletas, é uma
excelente novidade na TV. Qual a sua opinião particular sobre a atração?
M.C.: O convite para
participar do programa foi uma agradável surpresa e o retorno está sendo
incrível! É o primeiro programa do gênero em rede nacional e nos esforçamos
para mostrar o melhor deste universo cativante.
C.V.: Como tem sido a receptividade do público?
M.C.: Por ser em rede
nacional, recebemos contatos de pessoas do Brasil todo que nos prestigiam e
sugerem pautas para os próximos episódios, inclusive enviando suas próprias
dicas e macetes. Tenho aprendido muitas "gambiarras" novas com estes
telespectadores.
C.V.: Como surgiu sua participação no programa?
M.C.: Havia conversado
com os idealizadores do programa informalmente relatando a procura cada vez
maior de meus amigos e clientes de conhecer mais sobre como fazer a manutenção
das bikes em casa, seja para economizar dinheiro ou para não ser enganado em
bicicletarias inescrupulosas. Algum tempo depois, a TV Cultura nos convidou
para este projeto.
C.V.: Você também faz parte do Ciclo Urbano
Bicicletas, em São Paulo. Como funciona esse trabalho? Ele pode ser estendido
para outros Estados do país?
M.C.: Buscamos oferecer
serviços e atendimento que gostaríamos de encontrar nas lojas como clientes e,
felizmente, temos conseguido muito sucesso e muitos novos amigos! Expandimos,
recentemente, com a abertura de uma filial no bairro de Pinheiros e, apesar de
ainda ser um sonho distante, não descartamos a possibilidade de nos
aventurarmos em outros estados.
C.V.: Que dica você deixa para que se mantenha a
bicicleta por longos anos?
M.C.: A dica é escolher
uma bicicleta de qualidade e considerar que manutenção não é um gasto, mas, sim,
um investimento a curto e a médio prazo. Quem cuida, periodicamente, de sua
bicicleta tem confiabilidade na magrela e economiza com trocas de peças por
manutenção negligente.
Fotos: Renan Bossi
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