Mario Canna e sua trajetória no ‘mundo das bikes’

20 junho 2017 |


Olhar para São Paulo e observar a agitação cotidiana da metrópole é quase impossível imaginar que alguém possa transitar de bicicleta pela cidade, em horário comercial. Contudo, o programa “Vamos pedalar” da TV Cultura, no ar aos domingos, às 17h, veio provar que isso é possível sim. Com a orientação de profissionais do “mundo das bikes”, ganha a afeição do público. Inclusive, um desses mestres no ramo, o jovem Mario Canna, concedeu entrevista exclusiva ao CULTURA VIVA hoje e, em princípio, relatou como foi seu início atuando com o meio de transporte. “Comecei restaurando bicicletas antigas como hobby e estes serviços se estenderam para bicicletas de amigos. Com o tempo, estabeleci uma pequena oficina na Zona Leste de São Paulo fazendo modificações e manutenção, especialmente em bicicletas de roda fixa, como as usadas em velódromos”, explicou.

Acompanhe o bate papo!

CULTURA VIVA: É possível sobreviver apenas atuando no ramo?

MARIO CANNA: Obviamente. É um mercado em franca expansão e que, cada vez, procura melhores serviços e componentes de melhor qualidade. Quem trabalha corretamente e com afinco, com certeza, se estabelece no mercado de bicicletas.

C.V.: Dá para circular todos os dias de bicicleta em São Paulo? Os riscos não são mais evidentes frente ao trânsito intenso da cidade?

M.C.: Não considero pedalar em São Paulo perigoso, mas só o fato de viver em grandes cidades já envolve riscos e pedalar na cidade também. Ter cautela, pedalar seguindo as normas de trânsito e equipado garante tranquilidade e permite que qualquer um usufrua de seu espaço na cidade.

C.V.: Com o passar do tempo, as pessoas buscam uma vida mais saudável e, encontraram na bicicleta, uma forma de manter o peso e reunir, com apenas um exercício, benefícios para o corpo todo. Você já percebia esse valor na bike?

M.C.: Para mim, os benefícios para o corpo foram apenas uma consequência agradável, pois sempre considerei que pedalar, em primeiro lugar, faz bem à mente.  Nossa perspectiva em relação à cidade e às pessoas muda, o dia fica mais leve e, de quebra, nos exercitamos sem nos sentir presos "na gaiola" como em uma academia.

C.V.: Para que o ciclista seja respeitado de fato nas ruas de São Paulo, tanto pelas políticas públicas quanto pelos outros meios de transportes, o que você acha que falta?

M.C.: Não adianta investimentos milionários em infraestrutura se não houver educação e respeito mútuo no trânsito. Para isso, deve haver a coibição aos maus motoristas e também aos maus ciclistas, que também cometem infrações e causam acidentes. Um programa de educação e conscientização aplicado em paralelo com policiamento e punição efetivas iriam, em poucos anos, deixar o trânsito muito mais seguro.

C.V.: O programa "Vamos Pedalar", onde você, toda semana, dá altas dicas sobre a mecânica das bicicletas, é uma excelente novidade na TV. Qual a sua opinião particular sobre a atração?

M.C.: O convite para participar do programa foi uma agradável surpresa e o retorno está sendo incrível! É o primeiro programa do gênero em rede nacional e nos esforçamos para mostrar o melhor deste universo cativante.

C.V.: Como tem sido a receptividade do público?

M.C.: Por ser em rede nacional, recebemos contatos de pessoas do Brasil todo que nos prestigiam e sugerem pautas para os próximos episódios, inclusive enviando suas próprias dicas e macetes. Tenho aprendido muitas "gambiarras" novas com estes telespectadores.

C.V.: Como surgiu sua participação no programa?

M.C.: Havia conversado com os idealizadores do programa informalmente relatando a procura cada vez maior de meus amigos e clientes de conhecer mais sobre como fazer a manutenção das bikes em casa, seja para economizar dinheiro ou para não ser enganado em bicicletarias inescrupulosas. Algum tempo depois, a TV Cultura nos convidou para este projeto.


C.V.: Você também faz parte do Ciclo Urbano Bicicletas, em São Paulo. Como funciona esse trabalho? Ele pode ser estendido para outros Estados do país?

M.C.: Buscamos oferecer serviços e atendimento que gostaríamos de encontrar nas lojas como clientes e, felizmente, temos conseguido muito sucesso e muitos novos amigos! Expandimos, recentemente, com a abertura de uma filial no bairro de Pinheiros e, apesar de ainda ser um sonho distante, não descartamos a possibilidade de nos aventurarmos em outros estados.

C.V.: Que dica você deixa para que se mantenha a bicicleta por longos anos?

M.C.: A dica é escolher uma bicicleta de qualidade e considerar que manutenção não é um gasto, mas, sim, um investimento a curto e a médio prazo. Quem cuida, periodicamente, de sua bicicleta tem confiabilidade na magrela e economiza com trocas de peças por manutenção negligente.

Fotos: Renan Bossi

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