A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia
Criativa do Estado de São Paulo, inaugura a programação 2021 com exposição
sobre Fayga Ostrower, uma das artistas mais marcantes
do século XX. A mostra Fayga Ostrower- Imaginação Tangível, com
curadoria de Carlos Martins, que conta com patrocínio do Bradesco, estará em
cartaz, a partir do dia 01 de fevereiro, na Estação Pinacoteca e apresentará,
em 130 trabalhos, um panorama de uma das pioneiras da gravura abstrata no
Brasil. Autodidata, inovadora e múltipla em suas realizações, o público poderá
apreciar a pluralidade das obras que se relacionavam com a literatura,
estamparia, arquitetura, ampliando os limites tradicionais das técnicas de
xilogravura e gravura em metal, criando um vocabulário muito particular.
A exposição, que faz parte das celebrações do centenário de nascimento
de Fayga, está organizada pelos interesses que norteavam suas preocupações. Em
um primeiro momento, os Anos de Formação, onde é visível o uso das
narrativas literárias pela artista que se inspirava nos livros para criar
imagens e aprimorar o aprendizado da gravura. E mesmo sendo em caráter de
experimentação artística, algumas séries acabaram sendo descobertas e
publicadas. É o caso de uma edição da obra O cortiço, de 1948,
que conta com a ilustração de doze gravuras de Fayga, realizadas em 1944. Logo
os seus trabalhos ganham destaques e a mostra trará alguns exemplares,
inclusive de encomendas de editoras, como as ilustrações para as obras
"Invenção de Orfeu" e "Terra Inútil", onde Fayga foi
responsável até mesmo pela capa. A artista também realizou contribuições
sistemáticas para suplementos de arte de alguns jornais da época, onde teve a
chance de colaborar com outros artistas importantíssimos como Mario de Andrade
e Cecília Meirelles.
Em
um segundo momento da mostra, quando a artista já está segura de sua opção pela
linguagem abstrata, é possível observar uma Fayga obtendo reconhecimento
nacional e internacional, como as gravuras que fizeram com que ela ganhasse o
Grande Prêmio Internacional de Gravura na Bienal de Veneza em 1958, além da
grande virada da carreira dela. Na década de 50, a artista abandona a figuração
e parte para abstração, para composições mais livres. Um dos marcos dessa fase
é a edição de um álbum com 10 gravuras, cinco delas serão mostradas. "São
raríssimas, muitas dispersaram e não existem mais, temos essas cinco que são do
próprio acervo da Pinacoteca. É interessante porque essa seleção é um divisor
de águas na carreira dela, pois determina o caminho que Fayga quer seguir, suas
propostas estilísticas, como ela mesma dizia, e a partir de então, são traços
que privilegiam forma, ritmo e cor, em composições puramente gráficas",
explica o curador da exposição, Carlos Martins, que acompanha as obras de Fayga
desde 1983.
Os trabalhos agora impactam pela harmonização das cores e das
composições. As estampas, também produzidas a partir desta época, reverberam na
libertação da geometria. Acompanhando o impulso que a arquitetura no Brasil
passava no período, com o surgimento de construções mais modernistas, Fayga
passa a produzir tecidos como arte aplicada que poderiam ser usados em
estofamento, decoração de interiores.
Como as estampas eram abstratas, a produção não foi aceita pela
indústria e Fayga, junto com um sócio, passou a produzir sem o apoio das
fábricas. Na exposição, uma seleção inédita de 19 mostruários, confeccionados
entre 1951 a 1956, exemplifica as características desses trabalhos, como o
pouco uso das cores, o cuidado em criar estampas que simbolizassem
"conforto" para que o público pudesse conviver durante muito tempo
nos ambientes. As amostras das estampas pertencem ao acervo da família.
Em um terceiro núcleo, a mostra nos conduz a Expressões
Gráficas, onde o visitante perceberá a aproximação de Fayga, já no
final dos anos 60, com outras técnicas de trabalho, como serigrafia e
litografia. Em Produções Gráficas estão apresentados os
cartazes de divulgação das suas exposições desenhados por ela mesma.
"Fayga tinha essa curiosidade de imagem impressa, sem preconceito, o que
interessava para ela era a multiplicação da imagem, fazer uma proposta visual
que possa e tenha caráter, mesmo que multiplicado sobre o papel por qualquer
tipo de mídia..., veículo para utilizar as técnicas mais variadas de expressão
gráfica", completa Carlos Martins.
Catálogo
Para esta exposição, um catálogo bilíngue (português e inglês), foi
produzido com imagens das obras da Fayga, mostrando sua trajetória, desde os
desenhos e gravuras figurativos, de pequeno formato, às xilogravuras e gravuras
em metal, como composições abstratas que comprovam sua inesgotável capacidade inventiva,
e ainda as serigrafias e litografias, produzidas em maior intensidade a partir
dos anos 1970. Textos do curador da exposição, Carlos Martins, e da jornalista,
curadora especializada em design e professora Adélia Borges também integram o
material.
Fayga Ostrower
Gravadora,
pintora, desenhista, ilustradora, teórica da arte e professora, a polonesa
Fayga Ostrower chegou ao Rio de Janeiro em 1934, acompanhada de seus pais e
mais três irmãos, a família fugia das perseguições nazistas na Alemanha. Autodidata
e mesmo sem possibilidades de frequentar universidades, se tornou uma das
personalidades artísticas mais importantes do Brasil no século 20. Inovadora e
muito fiel aos seus propósitos e crenças, enfrentou a indústria e os críticos
da arte ao enveredar pelo abstracionismo. O esforço lhe valeu a fama e o
reconhecimento nacional e internacional, não raro as suas exposições sempre
tinham público.
Múltipla em sua produção, tinha uma vocação educacional e intelectual
que a levou a publicar livros e a dar cursos ou proferir palestras em várias
universidades brasileiras, e também no exterior, como a Spellman College, em
Atlanta, EUA, ou na Slade School da Universidade de Londres, Inglaterra. A
convite do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, lecionou, por 16 anos,
diferentes cursos de história e teoria da arte. Em sua trajetória também se
destacam os prêmios: Grande Prêmio Nacional de Gravura da Bienal de São Paulo,
1957, o Grande Prêmio Internacional da Bienal de Veneza, 1958.
A artista morreu em 2001 aos 81 anos. Fayga
Ostrower-Imaginação Tangível é toda realizada a partir da própria
coleção da Pinacoteca de São Paulo, na sua maioria obras doadas pelos filhos da
artista Anna Leonor e Karl Ostrower, e alguns trabalhos do acervo da família.
No exterior, obras da artista podem ser vistas em museus da Europa e dos
Estados Unidos.
BRADESCO E A CULTURA
Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita
que a cultura é um agente transformador da sociedade. Além do Teatro Bradesco,
o banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de
manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu
compromisso com a democratização da arte. São eventos regionais, feiras,
exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros. Assim como
o Teatro Bradesco, muitas instituições e espaços culturais apoiados pelo banco
promoveram ações para que o público possa continuar se entretendo - ainda que
virtualmente - durante a pandemia da Covid-19. Em 2020, o banco lançou o
Bradesco Cultura, plataforma digital que reúne conteúdo relacionado às
iniciativas culturais que contam com o patrocínio da instituição. Visite em
cultura.bradesco.
Fayga Ostrower-Imaginação Tangível
Curadoria: Carlos Martins
Estação Pinacoteca - 2° andar
Largo General Osório, 66 - Santa Ifigênia
De quarta a segunda, das 10h às 18h
Período: De 01.02.21 a 31.05.21
Ingressos
Gratuito, mas a entrada só é permitida com a reserva pelo site www.pinacoteca.org.br.
Visitantes: o público terá a sua temperatura aferida, e quem estiver com temperatura acima de 37,2° e/ou mostrar sintomas e gripe/resfriado deverá buscar ajuda médica e não poderá acessar o museu. O uso de máscara será obrigatório em todos os espaços e durante toda a visita. Não será permitido tirar a máscara em nenhum momento, como por exemplo para fotografias/selfies. Os espaços terão álcool gel para a higienização das mãos, além de uma nova sinalização que indicará o sentido de circulação e o distanciamento mínimo de 1,5m entre pessoas.
***Na Foto em destaque, uma das obras da polonesa Fayga Ostrower numa xilogravura a cores sobre o papel
Foto: Divulgação
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