João Paulo Amaral representa mais um orgulho brasileiro na música

26 março 2021 |

 


A música e seus encantos, como sempre! E, com sua forma melodiosa de nos embalar, sempre nos presenteia com grandes talentos que abençoam nossos ouvidos, acalmam nossa alma e nos fortalece para seguirmos a vida pelos caminhos das notas musicais. Por isso, hoje o CULTURA VIVA conversou com o músico João Paulo Amaral, 43 anos, que representa mais um profissional que é, de fato, um orgulho brasileiro.


Violeiro, compositor, arranjador, professor e pesquisador, o rapaz ajustou sua agenda e reservou um tempinho para conversar conosco. Que honra! Gratidão, mestre!


Acompanhe!


CULTURA VIVA: Como foi seu primeiro contato com um instrumento de cordas? Sentiu, ali, que teria um desenrolar em sua história?

JOÃO PAULO AMARAL: A música sempre esteve presente em minha casa. Em minha infância, acho que tinha menos de dez anos quando conheci o violão através de familiares e amigos. Com o passar dos anos fui me interessando, cada vez mais, pelo instrumento e pela música, acompanhado meu pai, que sempre gostou de cantar. Na adolescência pedi para ele me dar uma guitarra, pois gostava de rock. Tive minhas primeiras bandas e etc., mas, nessa época, não tinha muito claro a ideia de como seria ser um profissional da música. Acabei indo estudar Engenharia, tal como o meu pai, mesmo tendo duas irmãs que já estavam atuando como cantoras. No segundo ano descobri que não era o que eu queria fazer; aí acabei decidindo partir de vez para a música, fazendo Bacharelado em Música Popular, na Unicamp e, depois, o mestrado na mesma universidade.


 

C.V.: O senhor estudou Música e tem especialização na área. O que mais te atrai no estudo musical?

J.P.A.: Acho que, no meu caso, a busca inicial foi pelo conhecimento mais profundo, tanto técnico quanto de ter uma formação mais abrangente, mais ampla, conhecer o máximo de ferramentas para ser um músico melhor. Aos poucos, percebi que, além disso, no meu caso que cursei uma universidade como a Unicamp, a formação não foi apenas na prática musical em si, mas abriu minha cabeça para a reflexão, pensamento crítico, compreensão do contexto artístico e histórico onde a gente está inserido, me ajudou nas escolhas para minha carreira, etc. Também me trouxe o interesse pela pesquisa e ferramentas também para lecionar.


C.V.: A pesquisa é o caminho que, com certeza, resulta num produto final que agrada o público. Como inicia sua pesquisa musical? Tem algum item que dá a partida?

J.P.A.: Não tenho certeza se é a pesquisa que garante o que agrada ao público. Eu acho que a pesquisa é um dos elementos importantes para um fazer musical criativo, pois antes de produzir sua própria música, você precisa conhecer o que de relevante e interessante já foi feito e, aí, entra a pesquisa. Mas, acho que não basta reproduzir apenas o que já foi feito, pois em arte a gente sempre quer fazer coisas novas. Então, aí entra a criação e por aí vai. A minha pesquisa é constante, e parte sempre do que me agrada ouvir e da curiosidade de ouvir coisas diferentes, conhecer tudo que de importante já foi feito no passado e, ao mesmo tempo, ouvir o que de novo e interessante está sendo feito. Vou me guiando pelos nomes reconhecidos, tanto de músicos, intérpretes quanto compositores e, por aí, vou seguindo. Hoje com a internet é muito mais fácil o acesso do que antigamente, mas é preciso se guiar para não ficar perdido no meio de tanta informação.


 

C.V.: Em sua opinião, o que deve saber, de mais importante, o interessado em estudar e ganhar a vida como músico de instrumentos de cordas?

J.P.A.: Olha, se o objetivo é viver de tocar, de performance, como a de qualquer instrumentista é uma carreira difícil: demanda estudo formal, mas, também, vivência, tocar e trocar com os outros, precisa ter amor e se dedicar. Muito provavelmente sem descanso por toda vida, sempre buscando ter uma identidade própria e investindo na própria carreira, aprendendo a fazer auto-gestão, produção cultural e escrever projetos. Tem que saber que muitas vezes pode ter momentos de instabilidade financeira, por isso vale a pena pensar também em dar aulas. Acho importante fazer muitos amigos músicos, pois, com eles, você sempre aprende e cresce. Enfim, é difícil, mas no final o prazer é para a vida toda.




 

C.V.: Além da viola, quais os outros instrumentos que toca?

J.P.A.: Além da viola caipira, também toco violão e guitarra.

 

C.V.: Seu gosto pela viola vem de família ou o senhor é o primeiro? 

J.P.A.: Meu pai sempre cantou música caipira. Minha família é do sul de Minas Gerais e sempre esse tipo de música esteve presente. Mas, tocar viola eu sou o primeiro; meu pai toca um pouco de violão.

 

C.V.: Das músicas que já tocou, em uma de suas apresentações, qual a que mais te deu emoção?

J.P.A.: É difícil escolher uma música apenas. Acho que o que emociona mais a gente no palco são alguns momentos mágicos que, às vezes, acontecem, seja por uma interação criativa entre os músicos em algum trecho de improvisação, seja quando o público te aplaude no meio de uma música (isso é demais!), seja quando você vê uma criança na plateia com os olhos vidrados em você, seja quando você toca num lugar especial, enfim, por aí.

 

C.V.: Quanto ao músico Almir Côrtes como se deu essa parceria?

J.P.A.: Conheci o Almir na Orquestra Filarmônica de Violas, grupo de Campinas onde tocamos e que, desde 2011, eu sou diretor e regente. Ele também fazia mestrado na Unicamp, toca bandolim e violão e estava aprendendo viola. Aí a amizade surgiu e a vontade de tocar junto também: montamos o projeto Cordal, gravamos o álbum em 2014 e passamos alguns anos tocando esse projeto aqui e fizemos uma turnê nos EUA. Depois, há alguns anos, o Almir mudou para o Rio para dar aula na UNIRIO. Então, a gente precisou dar um tempo no projeto, mas sempre estamos em contato.

 

C.V.: Durante esse período de pandemia do coronavírus chegou a fazer shows online? Como essa fase afetou sua carreira?

J.P.A.: Sim, fiz algumas vezes. A pandemia afetou bastante. Em fevereiro de 2020 eu tinha uma agenda de mais de 24 shows marcados; alguns relativos a projetos aprovados em editais estaduais. Então, muitos foram cancelados ou precisaram ser adaptados para lives e etc. Tenho a sorte de também ter o trabalho de professor, que pode ser adaptado para o formato não presencial. Alguns colegas que viviam apenas de tocar estão passando dificuldades por conta da pandemia.

 

C.V.: Quais as novidades que vem por aí em sua carreira?

J.P.A.: Do meu projeto solo vou lançar um álbum novo chamado “Aço da Terra”, com participações de Alberto Luccas (contrabaixo acústico), Ana Luiza (voz), Cléber Almeida (bateria), Ricardo Herz (violino) e do meu pai Valdo (voz). Será antecipado por dois singles: o primeiro deles é o “Clube da Esquina n.2”, que será lançado dia 16 de abril. Nos dias 3, 4, 10 e 11 de abril acontecerá o Festival Viola da Terra, 100% online, onde fiz a curadoria e direção artística e que vai trazer uma programação extensa unindo 35 violeiras e violeiros. Dia 18 de abril, às 18h, participarei do Violeiros do Brasil, junto com o violeiro Paulo Freire. Com meu grupo Conversa Ribeira vamos lançar, ainda esse semestre, nosso 3o videoclipe, além do 2o podcast com a cantora Monica Salmaso.

 

C.V.: Quais são suas redes sociais?

J.P.A.: Minhas redes sociais são as seguintes:

Instagram:  www.instagram.com/joaopauloamaral.official

Facebook: www.facebook.com/joaopauloamaral.official

Youtube: www.youtube.com/joaopauloamaral

Site: www.joaopauloamaral.com.br


Fotos: Cláudia Geronymo


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