Trazer, de alguma forma, a
emoção das telenovelas até o público de forma a descortinar a ilusão e, assim,
aproximar artistas, equipe de produção e cenários aos fãs, dando mais
naturalidade aos folhetins. Assim, a professora e escritora Mary Difatto, do Rio de Janeiro,
acompanhada por uma multidão fascinada pelo assunto vem, há alguns
anos, movimentando as rede sociais e realizando eventos, verdadeiros encontros
que marcam a história de vida e a relação de centenas de telespectadores que
vibram com as grandes produções na TV, especificamente escritas pela novelista
Ivani Ribeiro, falecida em julho de 1995.
Hoje o CULTURA VIVA bateu um papo com a Mary e o assunto despertou grandes saudades!
Acompanhe!
CULTURA VIVA: Desde quando e por que começou a realizar movimentos
em prol das telenovelas?
MARY DIFATTO:
Eu
sempre amei novelas! Sou noveleira assumida! Não sei bem se são movimentos, mas
costumo, desde que me conheço por gente, ressaltar as grandes obras da
nossa teledramaturgia. Talvez, os movimentos aos quais se refira sejam os de
formação de grupos no Facebook. Há cerca de quatro anos, mais ou
menos, que estou envolvida com assuntos concernentes às telenovelas,
sobretudo, os que envolvem Ivani Ribeiro.
C.V.: Nos primeiros passos que deu, encontrou resistências
ou dificuldades?
M.D.: Foi tudo tão natural! Meu primeiro grupo, como
participante, foi o capitaneado pelo Fabrício Valério, sobre a
novela “A Gata Comeu”. Depois, vieram outros, como o de “Selva de Pedra”, como
moderadora, assim como “Brega & Chique” e “A Viagem”, através de
convites da Cida Praxedes. Há outro grupo incrível sobre “A Gata Comeu”,
liderado pela Giane Dias. Ela me convidou para ser administradora e
aceitei com a maior alegria! Formei, há dois anos, o grupo Novelas de Ivani
Ribeiro para prestigiar a maga, dentre as autoras de telenovelas. Não tenho
encontrado dificuldades. Só o tempo mesmo, que corre depressa e, às vezes,
não consigo estar presente em determinadas situações.
C.V.: Desde criança sempre foi antenada em telenovela? Qual
a novela que despertou sua paixão pela arte?
M.D.: Sim, sou. A primeira novela que assisti tinha
5 aninhos, “Coração Alado”. Mas, a paixão pelos folhetins só veio
mesmo através de “A Gata Comeu”, aos 10 anos. É a minha telenovela
favorita até hoje!
C.V.: Já foi ou é presidente do fã-clube de algum artista?
M.D.: Não, nunca fui. Bem,
se você considerar criar um grupo para reverenciar Ivani Ribeiro é ser
presidente, então, sou! (risos). E o porquê seria esse: Ivani merece por ter
sido - e sempre será! - a maior novelista de todos os tempos em língua
portuguesa!
C.V.:
Sempre que possível, você promove um passeio ao bairro da Urca, no Rio de
Janeiro, para os fãs da novela "A Gata Comeu" para conhecerem os
imóveis onde foram gravadas cenas, na época. Inclusive, esse encontro tem a
presença de alguém do elenco, geralmente. É difícil realizar esse evento?
M.D.: Não sou eu quem
promove. Eu apenas registro os eventos. Há pessoas que juram que sou
jornalista, mas não sou. Minha formação é o magistério e sou escritora desde os
11 anos. No entanto, meu lado fã e escritora (todo escritor gosta de se
aprofundar nos assuntos) me leva a querer conversar com outros participantes,
buscar mais informações, estar por dentro de tudo. É algo que acontece com
muita naturalidade
C.V.: Quais artistas você conhece e mais te apoiam nesse
trabalho?
M.D.: Conheço alguns
grandiosos artistas. De “A Gata Comeu”, já tive o privilégio de
entrevistar o Élcio Romar, a Nina de Pádua, o Eduardo Tornaghi, a Kátia Moura e
o Sylvio Perroni, além do sonoplasta Sérgio Seixas. Direta ou
indiretamente, todos apoiam, através de comentários, curtidas nas postagens,
compartilhamentos, enfim. Eles são, todos, maravilhosos!
C.V.: Além de ser uma professora, você, também, é escritora.
A teledramaturgia te ajudou a desenvolver esse talento?
M.D.: Com certeza! A teledramaturgia brasileira é a melhor do mundo, sobretudo, as obras da Ivani Ribeiro. A teledramaturgia de qualidade é uma fonte inesgotável de informações, algo que colabora para o crescimento de qualquer escritor afeito a aprender.
C.V.: E sua relação com as obras da autora Ivani Ribeiro,
desde quando surgiu? Chegou a conhecê-la pessoalmente?
M.D.: Começou com “A Gata Comeu”, onde fiquei
rendida, para sempre, pelo talento da Ivani! Não tive a felicidade de
conhecê-la. Era um dos meus muitos sonhos. Queria muito poder apertar suas
mãos, dar um abraço e agradecer por tudo que ela nos brindou através de
suas obras magníficas! O mundo só é, ainda interessante, porque tivemos uma maga
como Ivani Ribeiro para transformá-lo num espaço melhor, onde ainda vale a
pena viver!
C.V.: Neste mês de novembro, o Canal Viva passou a reprisar
a novela "Amor com Amor se Paga", de 1984, e um movimento encabeçado
por você, nas redes sociais, ajudou e muito na decisão da emissora. Como
analisa essa conquista?
M.D.: Olha, eu só dei o
chamado "pontapé inicial". O restante ficou por conta dos muitos fãs
da Ivani. Só no nosso grupo são quase 40 mil participantes! Essa conquista é
fruto do esforço em conjunto. Eu mesma, os participantes de um modo geral, os
moderadores, todo mundo se uniu e alcançamos o resultado. Analiso que a união é
de importância soberana quando se tem um objetivo.
C.V.: Assim que terminar a pandemia do coronavírus, planeja
algo para reunir os fãs das antigas telenovelas?
M.D.: Como já comentei, não sou eu quem realiza os eventos. Mas, ajudo no que posso. Já há algo marcado para o dia 9 de abril de 2022, caso esteja todo mundo vacinado, seguindo à risca os protocolos de saúde e segurança. Mas, pode sofrer alteração. O grupo Novelas de Ivani Ribeiro e os de A Gata Comeu vão avisar quando estiver mais próximo.
C.V.: Quais são suas redes sociais?
M.D.: Todas! (risos). Mas, participo, com maior frequência, do Facebook e do YouTube, onde tenho meu canal de eventos culturais e um sobre gatos, minha outra grande paixão!
*Mary Difatto em passeio pela Urca (RJ), onde foi gravada a novela "A Gata Comeu", exibida pela Rede Globo em 1985:
Com a atriz Nina de Pádua (personagem "Ivete")
Fotos: Arquivo pessoal de Mary Difatto
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