Nos dias 15 e 16 de janeiro (sábado e domingo), das
19h às 23h, a Itaú Cultural exibe Já que ninguém me tira para dançar,
em sessão especial. Único documentário longa-metragem sobre Leila Diniz
(1945-1972), é dirigido pela diretora e atriz Ana Maria Magalhães, uma de suas
grandes amigas. A produção mescla imagens de filmes, fotos e cenas ficcionais
vividas por Leila – no filme interpretadas em tempos diversos por Lídia Brondi,
Louise Cardoso e Lígia Diniz. A produção forma uma paleta que reafirma porque a
atriz se tornou um ícone brasileiro. Por um lado, influenciadora de toda uma
geração, por outro, rejeitada pelos generais e militares, além da sociedade
conservadora vigente no país naquele período de ditadura.
O filme voltará a ser exibido na Itaú Cultural Play
no dia 25 de março, data em que ela completaria 77 anos. Ele integrará uma mini
mostra com produções das quais a atriz participou: A madona de cedro e Corisco, o
diabo loiro, ambos dirigidos por Carlos Coimbra – o primeiro em 1968 e o
segundo realizado um ano depois – e O Homem nu, sob
direção de Roberto Santos, também em 1968.
“Já que ninguém me tira para dançar mostra
o modo de ser e de viver dos artistas e das jovens brasileiras nos anos 60,
plenos de entusiasmo e ingenuidade”, conta Ana Maria. “As novas gerações não
sabem quem foi Leila, uma atriz que valorizou a verdade, a liberdade e o amor,
porque acreditava que as pessoas podem realizar as suas melhores
potencialidades e não as piores”, completa a diretora.
A liberdade de Leila, que, por exemplo, pousou para
uma foto de biquíni aos oito meses de gravidez e falava sem censura sobre todos
os temas, até a respeito de sua sexualidade, era incompreendida não somente
pelos conservadores e militares, como também pelas feministas da época. Outro
trecho do filme, a célebre entrevista que ela deu ao jornal Pasquim,
em 1969, evidencia isso ao revelar as ondas de indignação que provocou nesses
dois lados.
O documentário tem coprodução do Metrópoles e apoio
do Itaú Cultural e, por si só, sustenta uma longa história. Em 1982, dez anos
após a morte de Leila, a diretora foi convidada a realizar o documentário.
Titubeou por não se sentir distante o suficiente da amiga para realizar um
filme desta envergadura. “Por outro lado, tinha consciência da importância de
transmitir o legado de Leila, sabia que seus amigos poderiam expor cada uma de
suas facetas, e acabei aceitando a missão porque conhecia muito bem o seu modo
de pensar, agir e se relacionar”, lembra ela.
Mesmo com imagens e depoimentos já captados, entre
diretores de cinema, atores, jornalistas e familiares, o Centro Cultural
Cândido Mendes, idealizador do projeto, desistiu por questões orçamentárias.
Ana seguiu em frente, com recursos próprios, permutas, apoios e
contando com apoios de amigos, como o do cineasta Walter Salles, que emprestou
a sua câmera para o fotógrafo José Guerra, e de Marcelo Machado e Fernando
Meirelles, que montaram o documentário em sua produtora Olhar Eletrônico.
Ele foi produzido originalmente em U_Matic e depois
restaurado. Agora, entrevistas e novas gravações juntaram-se às originais, de
1982, e foram recém digitalizadas. Finalizado em HDTV, Já que ninguém
me tira para dançar resgata a participação de Leila Diniz na cultura
moderna, defensora das mulheres durante os anos mais duros da ditadura militar.
Ela morreu aos 27 anos em um acidente de avião na Índia, quando voltava de um
festival de cinema na Austrália, onde recebeu o prêmio de melhor atriz.
Sobre Ana Maria Magalhães
Nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Trabalhou como
atriz em mais de 25 filmes, entre eles Como era gostoso o meu francês,
de Nelson Pereira dos Santos, Lúcio Flávio, passageiro da agonia,
de Hector Babenco, Os sete gatinhos, de Neville D’Almeida, O
estranho caso de Angélica, de Manoel de Oliveira, e A idade da
terra, de Glauber Rocha. Depois de participações na televisão, como na
novela Gabriela, de 1975, passou a dirigir filmes. Entre eles,
os curtas-metragens Assaltaram a gramática, de 1984, Spray
Jet, de 1985, O bebê, 1987, Mangueira amanhã, 1992,
e um segmento do filme Erotique, de 1994, além dos
longas-metragens Lara, de 2002, Reidy, a construção da
utopia, 2009, e Mangueira em 2 tempos, de 2020.
FICHA TÉCNICA:
Depoimentos: Albino Pinheiro, Betty Faria, Carlos Leite, Chico Nelson, Claudio Marzo,
Domingos de Oliveira, Eli Diniz, Hugo Carvana, José Carlos De Oliveira, Luciana
De Moraes, Luiz Carlos Lacerda, Luiz Eduardo Prado, Marcelo Cerqueira, Marieta
Severo, Maria Gladys, Martha Alencar, Nelson Sargento, Nelson Pereira dos
Santos, Paulo Cezar Saraceni, Paulo José e Tarso De Castro.
Elenco: Lídia Brondi, Louise Cardoso e Ligia Diniz como LEILA
Participações
especiais: Nina de Pádua, Antonio Pitanga, Lita Cerqueira,
Neném, Cristina Aché, Beatriz Moura Costa, Pardal, Juanita Dias Costa, Gilda
Guilhon, Daniela e Luiz Sergio Lima e Silva
Locução
depoimento Chico Nelson: Hugo Carvana
Equipe da
Remasterização | 2021
Roteiro,
Produção e Direção: Ana Maria Magalhães
Produtor
Associado: Lino Meireles
Restauração
de Imagens de Vídeo: Fabio Fraccarolli
Direção
de fotografia: Jacques Cheuiche, abc
Texto e
Locução: Ana Maria Magalhães
Pesquisa: Garimpo/Rita Marques e Ana Maria Magalhães
Montagem: Paula Sancier
Música: Fernando Moura
Produção
de finalização: Ade Muri
Edição de
som e Mixagem: Vânius Marques
Equipe
Original | 1982
Roteiro,
Produção e Direção: Ana Maria Magalhães
Fotografia
e Câmera: José Guerra (In Memoriam)
Som: Jorge Saldanha
Assistente
de Direção: Juanita Dias Costa
Assistente
de Produção: Neném
Pesquisa: Ana Maria Magalhães/ Neném
Já que ninguém me tira para dançar (Brasil, 2021, 91
mins)
De Ana Maria Magalhães
Coprodução Metrópolis e apoio
Itaú Cultural
Dias 15 e 16 de janeiro
(sábado e domingo), das 19h às 23h
Na Itaú Cultural Play: www.itauculturalplay.com.br
Foto: Divulgação
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