Ah, nossa Língua Portuguesa! Sempre tão rica, variada e, simultaneamente, complicada devido às suas variações. Num bate papo espetacular com o professor Rubem Baptista, 55 anos, morador de Niterói (RJ), o CULTURA VIVA conseguiu explicações que ajudam a entender um pouco mais nossa própria Língua. Afinal de contas, precisamos compreendê-la melhor.
Confira!
CULTURA
VIVA: Há
quantos anos leciona como professor de Língua Portuguesa e por que decidiu se
dedicar à disciplina?
RUBEM BAPTISTA: No ano de 1987
eu decidi fazer Letras (Português/Literatura), por conta do incentivo e
insistência de minha mãe. Estou no magistério desde 1991.
C.V.: A Língua
Portuguesa é bem rica e, a todo o tempo, sofre mutações, principalmente devido
às gírias, vícios de linguagem e culturas regionais. Em sua opinião, a que se
deve tantas mudanças?
R.B.: Dentre as muitas
possibilidades e argumentações, penso que existe um “glamour” e necessidade de
pertencimento a um grupo, quando você se faz valer de determinadas expressões
para compor uma fala. Hoje em dia, é muito fácil você ouvir as pessoas dizerem
que vão dar ou não vão dar “spoiler”. Sem contar aquelas abreviações ao estilo
“zapes” em que os jovens usam, abusam e se esquecem de repelir na hora da prova
de Redação.
C.V.: E
o Novo Acordo Ortográfico, seus alunos tiveram grandes dificuldades no
aprendizado?
R.B.: Não só eles, mas muitos colegas tiveram que voltar a se “equilibrar” dentro da Língua Portuguesa. Somente aqueles que administram o hábito de escrever, como desbravadores, tiveram a oportunidade de se confrontar bem mais cedo com algumas mudanças. Outros, continuam a recorrem ao corretor do zap. Sendo que este não dá para usar na prova do vestibular.
C.V.: Sobre a tão temida redação, principalmente nos vestibulares, que dica poderia dar para o aluno se dar bem no desafio?
R.B.: Dizem que os
grandes “chefs” de cozinha foram bons degustadores. Daí a facilidade para
transitar entre vários sabores e saber o que pode acontecer ao misturá-los. Com
a redação não é diferente. Em não havendo um volume maior e mais diversificado
de leituras, faltar-lhe-á mais opções e variedades de assuntos para usar como
exemplos e desenvolver a temática.
C.V.: Qual o assunto, dentro da Gramática, que mais te fascina?
R.B.: Não administro fascinação sobre um tema específico. Trato todos como um objetivo a ser cumprido, enquanto professor, quando tenho que transmiti-los aos alunos. Porém, a questão da classificação e qualificação de um “ser”, a partir de um adjetivo (distanciando-se da famosa “coisificação das coisas”) é algo nobre. O valor de um homem pode ser medido a partir da maneira como ele se refere a algo/alguém, sem ser chulo ou repetitivo. Um grande deboche na comédia brasileira era a fala da personagem da “Escolinha do Professor Raimundo” conhecida como “Rolando Lero”. Este, em momento algum, fazia-se valer de expressões pequenas, quando se dirigia ao seu mestre. Muito pelo contrário, ele estava sempre exaltando e enaltecendo a imagem e figura do Professor. Suas falas são o suprassumo da cortesia e elegância textual.
C.V.: Além
de ser um professor, o senhor também é autor de vários livros publicados.
Em que momento de sua vida descobriu essa inclinação?
R.B.: Entre os anos
1995 e 2000 eu escrevia textos (crônicas) para um jornal de São Gonçalo: “O Nosso
Jornal de São Gonçalo”. Fiz isso pela oportunidade que me foi apresentada. Não
era algo oficial, muito menos remunerado, mas tornou-se um grande trampolim
para me enveredar pelo mundo das letras. Como diria o ator Denzel Washington, encarnando
“Rubin Carter”: “Escrever é mágico e me liberta”!
C.V.: "Apogeu"
- uma das suas obras publicadas, recentemente - é um sucesso na
literatura brasileira. Trata-se de uma ficção?
R.B.: Sim. Uma boa
ficção que quebra todas as expectativas do leitor. O sucesso maior concentra-se
no fato de minha filha, que está seguindo os passos do pai (cursando Letras, na
Universidade), ter feito o prefácio.
C.V.: O "Apogeu" tem reflexo na sociedade, como um todo?
R.B.: Não. A alta sociedade foi o alvo, dentro desta ficção.
C.V.: Qual o trecho ou capítulo do "Apogeu" que mais os leitores comentam? Por que seria?
R.B.: Posso destacar 3:
Primeiro, a inserção de Olavo Bilac, como prenúncio do clima para a criação do
“Apogeu”, é um momento bastante criativo que tem revertido em 100% de
comentários positivos. Segundo, a descoberta do perfil de uma das personagens.
Ninguém esperava por esse comportamento. Terceiro, o final é bastante fora do
comum. Inclusive, já me perguntaram se isso é possível.
C.V.: Quais
são as suas redes sociais?
R.B.: O Facebook –
Rubem Baptista.
Fotos: Arquivo pessoal de Rubem Baptista
1 comentários:
Realmente, existem detalhes nessa ferramenta que, por mais que a usemos constantemente, sempre haverá arestas para serem aparadas. Parabéns, Professor! Parabéns ao Jornalista pela opção de matéria!
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