A 4ª edição do Festival de Cinema de
Alter do Chão chegou ao fim, e na noite deste domingo, 20, todos os
que acompanharam este grande evento puderam conhecer os ilustres vencedores. No
total, cinco categorias foram premiadas em âmbito nacional e internacional,
além da escolha da melhor produção pelo voto popular, através da plataforma do
Festival.
“Estou muito feliz pela presença de todos. Nós sabemos o quanto trabalhamos
para ter aqui a etnia Borari, o povo de Alter do Chão e para estar mostrando
tudo isso aqui para o Brasil e o mundo”,
disse Locca Faria, diretor do Festival.
O Cacique
Gilson Tupinambá esteve representando um filme dos premiados. “Quero
parabenizar o evento e dizer que estou muito feliz em estar representando esse
filme por ser um filme que traz um grito da floresta, então, pra nós povos
indígenas, que lutamos pelo nosso meio ambiente, estar aqui e fazer parte disso
é uma satisfação muito grande”, disse.
O prêmio da noite era um lindo troféu com o formato de um Muiraquitã -
segundos as lendas indígenas da Amazônia, um amuleto que traz sorte e
felicidade para quem o possui. Confeccionado em Jacarandá e detalhes com
aplicação em ouro, base de marchetaria composta de osso e madeira. Peça
do artista Rony Borari.
Neca Borari, Cacique de Alter do Chão, também esteve recebendo um dos
Muiraquitãs. “É motivo de alegria e honra estar recebendo esse prêmio,
em nome da jornalista Miriam Leitão. A Miriam vem falando da vasta destruição
do meio ambiente na Amazônia e eu, junto com meu povo, me sinto mais honrada
ainda por está recebendo o prêmio em nome de uma mulher.”, destacou.
O FestAlter é um festival multicultural, realizado com a
parceria da Prefeitura de Santarém, por meio da Secretaria
de Cultura (Semc), e com as participações de artistas locais, em
especial os indígenas da etnia Borari. Nesta edição, mais de
80 pessoas estiveram envolvidas na realização do evento, gerando oportunidades
e renda para a vila balneária.
“Apoiar um evento como esse é fomentar a cultura no nosso município, é dar
oportunidade para quem mora aqui e para quem está de passagem conhecendo nosso
espaço, é plantar a sementinha da cultura, da arte e do audiovisual. Por isso,
estaremos sempre de braços abertos para o FestAlter e para tantos outros
eventos que venham somar com nossa cidade. Estou muito feliz, encerramos com
chave de ouro”, enfatizou o secretário de cultura, Luís Alberto
Pixica.
A noite de encerramento ainda contou com shows culturais de Maria
Lídia, Banda Phenomena, a apresentação do DJ Levi Borari, uma
apresentação especial da dança do cheiro com a participação de dezenas de
indígenas da etnia Borari banhando todos os presentes emanando as boas energias
para o encerramento do Fest Alter 2022.
Confira os vencedores:
Na categoria Prêmio Especial o Documentário
Curta-Metragem, vencedor foi “Benzedeira”, com a
direção de São Marcelo e Pedro Olaia. O filme mergulhava no
universo da curandeira Maria do Bairro, que escolheu o silêncio para partilhar
a sabedoria que lhe foi confiada. Esta ciência da natureza situa-se numa ilha
solitária na comunidade da cidade de Bragança. Manoel Amorim, conhecida como
Maria do Bairro, a negra bicha e curandeira, dedica-se a curar o corpo e a alma
de quem a procura. O conhecimento que o habita não vem de adivinhações, mas da
experiência e da resistência imersa na natureza, seus espíritos e filosofia.
O premiado no melhor Curta-Metragem Nacional, o
ganhador foi “Último Domingo”, de Joana Claude e Renan Barbosa Brandão.
A produção conta a história de uma moça que recebe uma visita misteriosa e
decide resignificar seu próprio destino, dando uma nova perspectiva à clássica
narrativa bíblica de Maria e José.
Para o Curta-Metragem
Internacional, o escolhido foi “Children of wild orchid”, do
Irã, que conta a história de menina muito jovem, que é alegre apesar
de ser vítima de trabalho infantil, enfrenta as realidades mais sombrias de sua
vida enquanto tenta ao máximo tocar suas belezas ao encontrá-las, com direção
de Farshad Mohammadi.
Nos filmes produzidos com Smartphones/Celulares, o premiado
foi “Rosa de Aroeira”, uma produção de Mônica Mac Dowell, que
mostra, de forma simples, autêntica e emocionante, a força das mulheres de uma
pequena comunidade do Rio Grande do Norte. Quatro mulheres, símbolo de
resistência e tradição, contam suas histórias de vida através do relato de suas
longas jornadas de trabalho. Filmado com celular, o documentário surpreende e
apresenta cenas de uma beleza ímpar com trilha sonora original criada pela
cantora e compositora potiguar, Valéria Oliveira
Na mesma categoria, mas internacional, a vencedora foi a
diretora Chaitanna Rajbangshi, com o filme “Spirit of clay”,
que trata da existência de uma ligação profunda entre o barro e as pessoas. O
ponto principal deste filme é encontrar a natureza desta relação. Os oleiros
vivem em diferentes partes de Bangladesh. O filme retrata sua criação, estilo
de vida e processo de sobrevivência com o barro.
Na categoria Animação, venceu “Adeus, querido Mandi”, um
curta de Bruno Villela que dialoga histórias da Cosmologia do
Alto Rio Negro com o conhecido mito japonês de Urashima Taro. Gravado
inteiramente na língua Baniwa, a mais próxima da falada pelos antigos Manaós.
Para Animação Internacional, “Mixi”, um filme
indiano, de Jyotsna Puthran, foi o campeão. O filme mostra
a 'REALIDADE ESCURA' por trás do seu prato favorito. O filme retrata um 'prato
servido', que ''mói'' as sementes no lado escuro (realidade), retratando mortes
por fome, venda de crianças, migração em massa estão na ordem do dia.
Na categoria Longa- Metragem Naci
O Longa-Metragem Internacional premiado foi
“Migrants”, do Irã. Uma história de Masoud Ahmadi que
segue quinze pessoas diferentes, mas não conta suas histórias. Temos quinze
histórias, mas não contadas.
Demonstrando que a migração é isso. Deixar seu lugar de nascimento, mas você
está, como se ainda estivesse lá. Ir para outro lugar, sentir-se fisicamente em
outro lugar, mas deixar para trás seu verdadeiro eu.
A premiada no Documentário Nacional foi a jornalista
renomada Miriam Leitão, com a direção de“Amazônia
na encruzilhada”. Uma produção que retrata São Félix do Xingu,
no sudeste do Pará, município que, com o maior rebanho bovino do Brasil, emite
mais gases de efeito estufa do que São Paulo, tem a terra indígena e unidade de
conservação mais desmatada do país e os maiores índices de homicídios por
terras disputas na amazônia brasileira.
"- A Cacique Neca Borari
recebeu o prêmio do Festival de Cinema de Alter do Chão em meu nome. Ser
ela a receber passou a ser um prêmio a mais para mim e toda a equipe da
Globonews responsável pelo DOC Amazônia na Encruzilha", tuitou a
jornalista Míriam Leitão que ficou muito feliz com a vitória do
primeiro documentário dirigido por ela.
Na categoria Documentário Internacional “Sur Les Voix Des Amériques”,
da Bélgica, dirigido por Julien Defourny. Apaixonado pela natureza e pelo
mundo, em 2015, Julien parte para uma aventura na América do Sul que mudaria
sua vida para sempre. Preocupado com as questões ambientais, ele inicia uma
expedição com uma câmera na mão em busca de soluções.
Quatro anos depois, percorreu 46.000 quilômetros com a força
humana em todo o continente americano. Durante todos esses anos, as vozes dos
humanos, dos seres vivos e da Terra o guiaram. Vozes que abriram sua mente para
o sentido da vida e para soluções para o nosso futuro como humanidade.
E no prêmio com o voto popular, o aclamado foi “Rosas Brancas” de
Valentina Angel e Diogo Aurich. Conta que uma garotinha reza para forças
maiores quando sua irmãzinha está no hospital, mas fica surpresa com a alegria
que sente ao ouvir a música de um estranho.
O Festival de Cinema de Alter do Chão é multicultural e os
filmes premiados estão a disposição na plataforma streaming exclusiva
FestAlterPlay gratuitamente. Ë cadastrar-se e ter acesso a todo o conteúdo
24hs. no link https://
Foto: Divulgação
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