Camilo Mota e mais um lançamento para ficar na história, ‘Janelas do Corpo’

08 dezembro 2022 |

 


Um papo cabeça com uma pessoa inteligente e que domina bem a palavra ao se comunicar. De gente assim, a Região dos Lagos e o Rio de Janeiro têm muita. Porém, são batalhadores que, de forma autônoma, conduzem seu trabalho, sempre aguardando que melhorias, tanto políticas, como empresarias possam enxergar o valor que a cultura e a educação têm, sem falar no valor dos benefícios que a poesia, a música e a expressão de sentimentos podem modificar, significativamente, a vida de um cidadão. 


Nessa vibe, segue o escritor e psicanalista Camilo Mota, 57 anos, de Araruama (RJ). Desde adolescente envolvido com a poesia e expondo seu talento para colaborar com a vida de pessoas alheias, por pura missão, acaba de lançar um novo livro intitulado “Janelas do Corpo”, numa obra dupla, onde o escritor José Eduardo Gouvêa também, na mesma obra, lança “Um exército de loucos” – uma parceria que vai ficar na história! 


Com lançamento marcado para o próximo sábado (10/12), o lançamento duplo terá suas atividades: às 11h, os autores concederão entrevista no programa “SeLigaí”, apresentado pelo locutor Marcelo Merecci, na Rádio Mar Aberto (98.7 FM), com transmissão simultânea pelo facebook da emissora (www.facebook.com/marabertofm) e, às 16h, receberão o público na Casa de Cultura de Araruama, no Centro da cidade, para uma tarde de autógrafos. Entrada franca. Vale a pena conferir! 


Mesmo tão atarefado, Mota reservou um tempinho e conversou com o CULTURA VIVA sobre sua carreira e esse momento tão especial em sua vida. A gente só tem gratidão e deseja muito sucesso!


 Acompanhe! 

 

CULTURA VIVA: Sua experiência com a poesia não é recente. De onde vem esse talento?

CAMILO MOTA: Desde a adolescência havia um impulso para expressar, em palavras, os sentimentos. Naquele tempo, comecei a me interessar mais pela literatura e tive meu primeiro contato com obras que me cativavam, como Érico Veríssimo, José Lins do Rego, Franz Kafka, Julio Cortazar, entre outros. A poesia só veio a querer sair de mim na juventude, quando estudava Letras na Federal de Juiz de Fora. Ali foi o impulso para a construção de minha própria linguagem. Não sei se é talento. Talvez um esforço continuado para desenhar as travessuras do meu espírito em busca de sensações, e uma necessidade de transmitir isso de alguma forma.

 

C.V.: Quantos livros já publicou e, particularmente, qual o que mais te marcou?

C.M.: Já reuni poemas em seis livros, com tiragens pequenas, apenas para deixar algumas migalhas do meu ser pelo caminho. Cada um deles é a marca do tempo vivido. Então, todos têm sua importância e valor.

 

C.V.: Entre romances, fantasias ou ficção, qual a sua preferência na literatura brasileira? Essa opção tem um motivo especial?

C.M.: Por conta da minha expressão através de poemas, a poesia teve mais a minha atenção do que a prosa. Acho essencial ler outros poetas, tanto os antigos quanto os contemporâneos. Quando criei, em 1993, o Jornal Poiésis, a ideia era justamente a de estar sempre em contato com a produção independente de literatura do país. Até hoje gosto de acompanhar o que se faz por aí.


 



C.V.: Recentemente, o senhor lançou o livro “Janelas do Corpo” em parceria com o autor José Eduardo Gouvêa. Como surgiu a ideia?

C.M.: Foi um bom encontro, desses raros que surgem no caminho. Eu estava com “Janelas do Corpo” terminado e, numa conversa na praça, o Edu também contou que havia terminado seu livro “Um exército de loucos”. Havia ali uma identidade inicial, um processo que culminou na realização desse projeto. Admiro o trabalho do Edu desde que o conheci, pois ele procura, em sua obra, dar um tom singular que reflete a sua busca pessoal de expressão. Nossos estilos são distintos e, mesmo assim, conseguem conversar no campo poiético.

 

C.V.: Como tem sido a receptividade do público com esta obra?

C.M.: Eu digo que meus poemas não são para serem entendidos, mas sentidos. É um brincar com a palavra, a imagem, o som, a associação de fluxos que atravessam o meu corpo e mente. De vez em quando, eles tocam alguém e a resposta é sempre muito significativa, para mim. Acho que essa é a magia da poesia. Ela age no invisível, no espaço entre os corpos e define algum sentimento indizível de pertencimento a algo que nos toca tão profundamente.

 

C.V.: Geralmente, quando vai escrever uma obra, percebe como surgem suas inspirações? Vem através de ideias inesperadas, fatos ou do cotidiano?

C.M.: Eu não chamo de inspiração. É mais uma pulsão, uma força que brota das entranhas como a lava de um vulcão. Eu não planejo os poemas. Quando percebo alguma vibração me balançando por dentro, tento traduzir isso com as ferramentas de que disponho e as palavras vão se encadeando. Há momentos que surgem de um só grito. Mas não é algo tão espontâneo na medida em que me esmero em escolher o ritmo, a sonoridade, o sentimento, o vocábulo mais adequado para expressar o que estou sentindo. Há, portanto, um trabalho bem material para organizar isso tudo.



 


C.V.: Seu campo de trabalho é no município de Araruama e na Região dos Lagos, basicamente. Como avalia a área no sentido de apoio ao ramo, tanto político como empresarial?

C.M.: Se houvesse um maior entendimento da importância da arte e da cultura no processo civilizatório, é bem provável que pessoas e instituições estariam mais abertas a contribuírem e fomentarem esse processo. Enquanto isso não acontece, vamos realizando nossas pequenas revoluções moleculares.

 

C.V.: Além de escritor, o senhor também faz parte da Academia Araruamense de Letras (AARALetras). Como tem sido a experiência com a organização?

C.M.: A Academia é uma organização interessante na medida em que reúne pessoas que têm afinidade com a literatura. Em Araruama, há um clima fraterno entre os membros, gerando bons vínculos de amizade e de respeito mútuo.

 

C.V.: Antes da pandemia do coronavírus a AARALetras organizava saraus de poesias, constantemente. Como está a programação, no momento?

C.M.: Acho que, aos poucos, as atividades deverão ser retomadas. Como não estou mais na diretoria, não tenho como responder à questão, adequadamente.

 

C.V.: Prepara algum evento a mais para divulgar seu novo livro? O que planeja para seu público em 2023?

C.M.: Eu e o José Eduardo nos reunimos não apenas para fazer o livro em comum, mas para construir um projeto ou processo que denominamos Frente Literária. Temos uma página no Instragram (@frenteliteraria), onde estamos reunindo alguns escritores, atores, músicos, no sentido de criarmos um movimento, que inclui a realização de saraus, palestras, grupos de estudo e mais o que surgir pela frente.

 

C.V.: Quais são suas redes sociais?

C.M.: Minha principal rede é o Instagram (@camilomota_psicanalista), onde publico material literário e também profissional da minha área de atuação, além de filosofia e outros temas que tocam. E tenho o site pessoal (www.camilomota.com.br), onde reúno os textos em prosa.    

 

Fotos: Arquivo pessoal de Camilo Mota


0 comentários: