Um professor de História e
Geografia, funcionário público do Governo do Estado do Rio de Janeiro, que
tinha toda uma inclinação para o campo missionário. E isso inclui deixar a
família, os amigos, o emprego e dezenas de outras atividades sociais para
segundo plano. De fato, essa não é uma decisão para muitos. Porém, os poucos
que optam por essa forma de vida, deixam para trás, muitas vezes, o luxo, o
orgulho e a vaidade, pois sabem das intempéries que enfrentarão à frente.
Lugares pobres, pessoas doentes, miséria por toda parte, dificuldades na
alimentação, no alojamento e, até, na comunicação.
Com toda essa realidade, o
professor Luciano de Carvalho Lirio,
de Rio Bonito (RJ), não negou o
chamado e seguiu em frente. Foi atuar como missionário e viveu grandes
experiências.
Hoje, num bate papo com o CULTURA VIVA, o mestre, que também é
pastor, relatou, um pouco de sua trajetória, enquanto encarou o trabalho de
missões fora do Brasil.
Acompanhe!
CULTURA VIVA: Em sucintas palavras, o que é Campo
Missionário?
LUCIANO DE CARVALHO LIRIO: É um local, grupo étnico ou cultural, povo ou região ainda não alcançados ou pouco alcançados pelo Evangelho.
C.V.: Em
que momento de sua vida percebeu inclinação para ser um missionário?
L.C.L.: Na infância por
meio de um missionário americano.
C.V.: Sua
família entendeu sua decisão? E os amigos?
L.C.L.: Sim. Missões sempre esteve
em pauta na nossa casa. Alguns familiares e amigos foram contra por temores e
incertezas na área financeira.
C.V.: De
tudo o que viveu no campo missionário, o que mais te marcou?
L.C.L.: O nascimento do meu filho mais velho, pois
não tinha anestesista de plantão na cidade em que morávamos. Mas, Graças a Deus,
por um milagre, um anestesista resolveu passar no hospital para buscar os
instrumentos cirúrgicos.
C.V.: Para
um missionário é necessário ter outras habilidades, como, por exemplo, atender
alguém com primeiros socorros?
L.C.L.: No mundo atual o missionário precisa ter uma
razão social para estar numa comunidade. Ele precisa se inserir no contexto. O
trabalho é a melhor forma. Ele precisa mostrar que é útil para aquelas pessoas.
C.V.: Sua
profissão como professor ajuda o seu ofício como missionário? Em quê?
L.C.L.: Sim. Possibilita o meu
sustento, o convívio e a aproximação com o povo a ser evangelizado.
C.V.: Como
é o cotidiano de um missionário em campo, geralmente? Há um cronograma, uma
agenda?
L.C.L.: Sim. É muito
importante que o missionário crie uma rotina para si. Estabelecer uma agenda é
fundamental para ele ou ela não se sobrecarregar nem se relaxar de suas
funções.
C.V.: No
Brasil a função de um missionário é reconhecida e respeitada como deveria?
L.C.L.: Existem múltiplas realidades nos diversos
contextos evangélicos brasileiros. Em sua grande maioria, as igrejas, com o
passar dos anos, se esquecem dos missionários.
C.V.: Quem
é sua maior inspiração no Campo Missionário?
L.C.L.: Charles Studd, o fundador da
Missão Amém. O sacrifício que ele fez, ao longo da vida, para levar o Evangelho
ao Centro da África.
C.V.: Em
sua opinião, o que os pastores e as igrejas podem fazer para incentivarem mais
os missionários?
L.C.L.: É preciso fazer missões e
levar missões a sério. Existem igrejas que fazem apenas culto de missões e a
oferta fica na própria igreja. Se não houver investimento, não há envolvimento,
nem comprometimento.
Fotos: Arquivo pessoal de Luciano de Carvalho Lirio
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