Vivendo um personagem que o exigiu atuar em cenas fortes e bem relacionadas à realidade da juventude brasileira, o ator Robson Torinni, está em cartaz há um ano no Teatro Poeirinha, no Rio de Janeiro, com excelente aceitação do público e da crítica.
Indicado em 5 categorias, sendo 3 ao Prêmio APTR (ator em papel protagonista, iluminação e direção de movimento) e 2 ao Prêmio Cesgranrio de teatro (ator e luz), Torinni vive um garoto de programa e matador de aluguel em seu segundo espetáculo do dramaturgo. Em 2018, ele montou o premiado “Tebas Land”, que fez temporadas de sucesso no Rio e em São Paulo.
O espetáculo segue em cartaz até o dia 31/10, às quintas-feiras e sábado, às 20h e aos domingos, às 19h.
Hoje o ator conversou com o
CULTURA VIVA. Acompanhe!
CULTURA VIVA: Qual a ideia central do Espetáculo Tráfico?
ROBSON TORINNI: A peça se passa
na periferia de uma cidade latino-americana, cheia de desigualdades, onde vive
Alex, um jovem garoto de programa. Os problemas familiares, o relacionamento
conturbado com a sua namorada e a vontade de vencer na vida, representada pelo
sonho de comprar uma moto de alto luxo, o levam para caminhos sedutores e,
também, muito violentos. A partir de uma paixão, a história acessará as áreas
mais sombrias da vida desse personagem que, paralelamente à sua profissão de
garoto de programa, se tornará um assassino de aluguel. Aos poucos, começa a
surgir uma trama fascinante que mistura a narração dos seus encontros, sonhos e
seu dia a dia. Ao longo da peça, Alex vai se desnudando, expondo o seu lado
mais ingênuo e mostrando o seu lado mais monstruoso.
C.V.: Como surgiu o convite para participar do espetáculo?
R.T.: Foi o próprio
Sergio Blanco quem me mostrou o texto, sugerindo que eu montasse. O maior
desafio, deste projeto, é não ter outro ator para trocar em cena. É a minha
primeira experiência em um solo, então estou aprendendo a jogar com a plateia.
O texto me tocou bastante desde a primeira vez em que li, por falar sobre uma
pessoa que, pelas circunstâncias de uma vida periférica sem oportunidades, não
conquista nada e segue pelo caminho do crime.
C.V.: Como foi feita a sua reciclagem para atuar nesse trabalho?
R.T.: Foi um ano de
pesquisa para fazer o Alex. Entrevistei psicólogos, psiquiatras, sociólogos,
presidiários, agentes penitenciários, usuários de drogas, policiais, vi muitos
filmes, li muitos livros e visitei algumas exposições para me ajudar a contar
essa história.
C.V.: Há quanto tempo o espetáculo está em cartaz e como avalia essa temporada?
R.T.: Estamos
completando um ano em cartaz e vale lembrar que é sem patrocínio. Estreamos em
outubro de 2022.
C.V.: Qual o ato da peça que mais mexe com você?
R.T.: Todos os atos
mexem bastante comigo. O que mais exige de mim é o último porque requer uma
precisão e concentração muito grande.
C.V.: O texto da peça, em si, dialoga com a realidade da juventude atual?
R.T.: Infelizmente,
sim. A estória de Alex é a história de muitos no Brasil. A peça tem
despertado o interesse das pessoas mais diversas porque propõe uma reflexão
difícil, mas importante: o fato de a sociedade ser responsável pela criação de
grandes ‘monstros’ e, depois, descartar essas pessoas sem se conscientizar da
própria culpa.
C.V.: O que poderia destacar do personagem que tem a ver, um pouco, com traços da sua personalidade?
R.T.: Que sou um
sonhador.
C.V.: E como analisa o trabalho da equipe desse espetáculo?
R.T.: Tem sido uma
experiência incrível trabalhar com a equipe do espetáculo Tráfico. Trocamos e
aprendemos uns com os outros todos os dias.
C.V.: Depois dessa temporada no Teatro Poerinha, a peça seguirá por onde?
R.T.: Ainda não temos
nada certo. Mas, com certeza, iremos continuar em alguma outra cidade e, até
mesmo, no Rio de Janeiro.
C.V.: Quais são as suas redes sociais?
R.T.: Instagram: @robsontorinni
e @espetaculotrafico.
Fotos: Divulgação
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