A Casa SP–Arte inaugurou em
31 de agosto Check-mate(s), sua primeira
exposição internacional. Organizada por Mark Godfrey, trata-se também da
primeira mostra do artista colombiano Oscar Murillo no Brasil,
apresentando obras dele em diálogo com nomes fundamentais da arte brasileira:
Cildo Meireles, Geraldo de Barros, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia
Pape e Sonia Gomes. Check-mate(s) é realizada pela
kurimanzutto, galeria com sedes na Cidade do México e em Nova York.
A mostra revela que o processo artístico de
Murillo tem afinidade com muitos artistas de diferentes lugares e períodos.
Nela, ele se baseia no legado dos neo-concretistas brasileiros Lygia Clark,
Lygia Pape e Hélio Oiticica, enfatizando textura e sensualidade em detrimento
da precisão e da geometria, bem como a dinâmica lúdica de ordem e desordem nas
obras do artista italiano Alighiero Boetti.
Há alguns anos, Murillo começou a reciclar
fragmentos e sobras de pinturas descartadas ou inacabadas, costurando-os para
compor uma malha quadriculada, semelhante a um tabuleiro de xadrez. É esta
estrutura que conecta seu trabalho às tradições da abstração geométrica e da
pintura modernista do século 20, além da arquitetura e design — como
evidenciado no trabalho da portuguesa Leonor Antunes, por exemplo, artista
também presente na mostra.
As tendências improvisacionais de Oscar
Murillo remontam ainda às tradições de colchas afro-americanas de Rebecca Myles
Jones e ao uso de objetos encontrados nas obras dos artistas brasileiros Sonia
Gomes e Antonio Tarsis. Suas pinturas ecoam experiências da vida urbana, como
as composições de panfletos pintados e folhas de jornais de Abraham
Cruzvillegas, provenientes da Cidade do México; a máscara de Damian Ortega
feita de azulejos de um edifício dos anos 1960; além das imagens fotográficas
de São Paulo de Geraldo de Barros e Elisa Sighicelli.
A grade de metal e vidro de Cildo Meireles
dos anos 1970 lembra ao público um princípio que é caro a Murillo e reverbera
ao longo de Check-mate(s): a arte abstrata pode aludir a condições
políticas de cativeiro e liberdade sem ser explícita ou didática.
Sobre o artista
Oscar Murillo, nascido em 1986 na Colômbia, é
um artista com uma prática multifacetada que explora coletividade e cultura
compartilhada, profundamente conectada às qualidades afetivas dos materiais.
Seu trabalho possui uma dimensão social, situando-se entre performances e
eventos, convidando colaboradores para ações como carregar figuras tradicionais
colombianas em cidades do Reino Unido, pintar linho preto globalmente ou
realizar festas para equipes de limpeza em galerias de Londres. Desde 2013, com
o projeto Frequencies, envolveu mais de 100.000 estudantes em um arquivo de
arte colaborativa global. Reconhecido por suas pinturas em grande escala e
instalações imersivas, utiliza materiais diversos como cornés, argila e metal
enferrujado, muitas vezes apresentados em locais inusitados, refletindo seu
compromisso com o poder expressivo do material em meditar sobre questões
complexas da sociedade contemporânea. Murillo vive e trabalha em vários locais
ao redor do mundo.
Check-mate(s)
Terça a sexta, das 11h às 18h
Sábado, das 11h às 17h
Até 20 de setembro
Casa SP–Arte
Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1.052 - Jardins
a4&holofote comunicação
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Foto: Divulgação
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