Segundo a atriz e escritora Ana Paula Pedro, quando o Leonardo Franco (dono do Solar) fez as obras no prédio, deixou a sala onde acontece o espetáculo ainda em obra (c/ os tijolos e massas de concreto expostos) para que fosse usado para algum trabalho futuro. Chamou um artista plástico e ele, então, deu ao ambiente um tom de “deserto”. Como elas precisavam estrear a peça e encontraram ali, naquela sala, o espaço preparado para a encenação, logo fecharam o acordo.
Ana Paula conta que é a primeira vez em que encena poemas e considera a experiência algo marcante em sua carreira. Como do livro “Primeira Chuva no Deserto” (lançado também no Solar), rendeu a peça, ela destaca: “Considero isso o máximo”.
Para a atriz Guta Stresser, a experiência está sendo maravilhosa, mais uma soma na carreira. A peça que encerraria a temporada no dia 14 de setembro, foi prorrogada até o fim-de-semana seguinte (dias 20 e 21). Segundo ela “prova que o trabalho deu certo”.
Se comparado com seu personagem no seriado “A Grande Família” (Rede Globo), a “Bebel”, Guta diz que a tal só se encaixa na cena em que ela faz uma mulher que dirige no Rio de Janeiro e, o tempo todo, quer descobrir, onde fica a “Rua da Relação” por ser uma figura mais cômica. E, sobre o futuro da Bebel, Guta disparou. “É muito incerto, a gente nunca sabe essas coisas, é um ciclo. Aliás, só tenho boas notícias sobre o seriado; a audiência está sempre boa e já me comunicaram que ‘Grande Família’ continua em 2009”, adiantou.
Durante a peça, as duas dançam e citam os poemas do livro. É interessante perceber a sintonia no olhar de ambas, que conduzem todo o espetáculo sozinhas. Mudam cenário, mexem com o público e o mais legal: todos que assistem acabam se tornando poetas. Elas, no início da peça, falam sobre o “cadáver” como forma de escrever poemas num objeto em formato de rolo que é passado de mão em mão para que escrevam versos (sem assinar) e, no final da peça, elas lêem e brincam com os mais engraçados. O público ri do início ao fim.
Na apresentação do dia 13 de setembro, inclusive, no meio da peça, um celular toca. Guta procura, não encontra e diz: “Já sei! Está na pasta do jornalista (Edson Soares)!”... Não estava. Era o celular da operadora de som. Guta pega o parelho, atende: “Alô! Quem está falando? Ah, sim, a Renata está, mas trabalhando comigo na peça. Quem sou eu? Eu sou a atriz da peça. Ah, ta! Tudo bem.” Desliga o celular, devolve à assistente e reclama: “Marcela, se até o fim da temporada isso continuar, não vai dar certo. Era o seu namorado e ele pediu para você ligar para ele depois.”. Olha para a Ana Paula e faz um ar de cansaço. O público cai na gargalhada. Na verdade, era uma forma humorística para descontrair.
“Primeira Chuva no Deserto” faz os espectadores refletirem sobre suas vidas, seus desejos, anseios e ambições. Retrata o cotidiano de qualquer cidadão e o público se vê ali, de cena em cena. De acordo com Guta, “quem nunca se viu perdido no Centro do Rio ou nunca deparou com alguém caído na calçada passando mal?”. Coisas da vida.
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