Mais de 10 mil paulistas esperam um órgão

25 setembro 2014 |

São Paulo tem 10.329 pessoas na fila de espera por um órgão. A maioria aguarda um rim: 9.073 (87,7%). É, disparado, o maior número estadual do Brasil, bem a frente do segundo com a maior fila pelo órgão, Minas Gerais, com 2,1 mil. A dificuldade é que, além da espera ser longa, a quantidade de doadores efetivos no primeiro semestre de 2014 foi de 415, apenas 4% do total da espera por um órgão. Os dados são da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e das Centrais Estaduais de Transplantes referentes ao primeiro semestre deste ano. O estado paulista tinha 1.193 possíveis doadores nesse período, no entanto, a maioria não chegou a doar de fato.

No total, o Brasil tem 20.089 pessoas à espera de um órgão, sendo que cerca de 18 mil precisam de um rim. Porém, só 1.289 pessoas doaram efetivamente de janeiro a junho deste ano, o que representa 6,4% da fila total.

Para tentar minimizar o problema, algumas campanhas incentivando a doação devem ganhar força neste mês, quando se comemora o Dia Nacional da Doação de Órgãos no próximo dia 27.

No primeiro semestre deste ano, foram feitos 2.750 transplantes de rim no Brasil, o correspondente a mais de 71% dos 3.856 transplantes de órgãos, a maior parte de doadores falecidos. Só em São Paulo, foram 1.052 transplantes de rim. “É preciso haver conscientização e mais informações sobre a importância da doação de órgãos para que possamos reduzir o tempo de espera e salvar mais vidas. O assunto deve ser discutido em família para que a vontade de ser um doador seja respeitada futuramente pelos familiares”, salienta a médica e diretora dos Institutos de Nefrologia de Mogi das Cruzes e de Suzano, Silvana Kesrouani. A maioria dos doadores de órgãos é homem (59%), com idades entre 35 e 64 anos e de grupo sanguíneo tipo O.


Segundo a nefrologista, o número de transplantes de rim e de pacientes na fila de espera pelo órgão é maior pelo fato de o rim ser o único órgão vital que pode ser parcialmente substituído por uma máquina (no processo de diálise), que garante a sobrevida do paciente e permite a espera. “Os rins também são vítimas de uma série de outras doenças e situações cotidianas. A alta demanda deve-se principalmente ao fato de problemas comuns e de elevada prevalência causarem DRC (Doença Renal Crônica), como hipertensão arterial, diabetes e obesidade, além do envelhecimento da população. Na DRC em estágio terminal, o paciente precisa, para sobreviver, da diálise ou do transplante do órgão. Por essa razão, campanhas de incentivo são fundamentais.” 

Foto: Divulgação

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